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Professores paralisam atividades em São Lourenço da Mata

Professores de São Lourenço da Mata paralisam aulas nesta quinta (6) por valorização, respeito à categoria e melhores condições nas escolas.

Professores
Paralisação em São Lourenço da Mata cobra valorização docente. Foto: Divulgação

A educação municipal de São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife, terá suas atividades paralisadas nesta quinta-feira (6). Professores e demais profissionais da rede pública decidiram cruzar os braços em protesto por valorização, melhores condições de trabalho e respeito aos direitos da categoria.

O movimento inclui um ato público a partir das 8h, em frente à Câmara dos Vereadores, na Praça do Canhão. De lá, os participantes seguirão em passeata até a Prefeitura Municipal, onde esperam ser recebidos pelo prefeito Vinícius Labanca (PSB). O sindicato da categoria informou que solicitou uma reunião para as 10h, mas, até o momento, não houve confirmação de que o encontro será realizado.

Categoria denuncia perseguição e congelamento salarial

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de São Lourenço da Mata, as tentativas de diálogo com a gestão municipal não têm avançado desde 2021. A entidade denuncia perseguições, punições e falta de transparência nas decisões que afetam diretamente os servidores.

Entre as principais queixas está a demissão de cerca de 700 professores temporários e a contratação de 350 concursados, submetidos, segundo o sindicato, a uma carga horária considerada abusiva de 40 horas semanais em sala de aula.

Outro ponto levantado é a junção das gratificações ao salário base, medida que, segundo os docentes, resultou em perda de vantagens e desvalorização do Plano de Cargos e Carreiras (PCC). A categoria também relata que os salários estão congelados há cinco anos, sem reajuste correspondente ao piso nacional da educação básica.

“Não aguentamos mais tanta perseguição, ataques e descumprimento das leis que nos asseguram o pleno gozo das nossas conquistas. Uma educação de qualidade se faz com investimento, respeito e valorização profissional”, afirma nota divulgada pelo sindicato.

Más condições nas escolas preocupam profissionais

Além das questões salariais e administrativas, os profissionais da educação apontam problemas estruturais nas escolas municipais, que vão desde falta de ventilação adequada e materiais didáticos insuficientes, até unidades com infiltrações, goteiras e banheiros em más condições.

De acordo com relatos de professores, há salas superlotadas e ausência de apoio pedagógico para alunos com necessidades específicas. “Estamos vendo escolas sucateadas, profissionais adoecendo e nenhuma resposta da gestão. Queremos apenas que a educação seja tratada com prioridade”, afirmou uma professora da rede, que pediu para não ser identificada.

Direito à livre organização sindical

O sindicato também denuncia que professores têm sofrido descontos salariais por participarem de assembleias e manifestações, o que, segundo a entidade, viola o direito constitucional de livre organização sindical.

Juristas consultados pelo Fala News confirmam que a Constituição Federal, em seu artigo 8º, assegura a liberdade de associação profissional e sindical, além de garantir que ninguém pode ser punido por exercer atividades legítimas da categoria.

Para a direção sindical, as punições aplicadas pela Prefeitura configuram abuso de autoridade e tentativa de intimidar o movimento. A entidade afirma que ingressará com ação judicial para garantir o direito de manifestação e a devolução dos valores descontados.

Reivindicações e proposta de diálogo

Entre as principais reivindicações apresentadas pelos educadores estão:

  1. Reajuste salarial imediato, conforme o piso nacional do magistério;

  2. Revogação das medidas punitivas aplicadas a servidores;

  3. Revisão da carga horária e melhores condições de trabalho;

  4. Reabertura da mesa de negociação permanente com a gestão;

  5. Criação de um novo Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) discutido com a categoria.

O sindicato destaca que todas as demandas foram formalizadas por meio de ofícios e assembleias, mas não houve retorno efetivo da Prefeitura.

A reportagem procurou a Prefeitura de São Lourenço da Mata para comentar as denúncias e confirmar se o prefeito Vinícius Labanca receberá a comissão de professores nesta quinta (6). Até o fechamento desta matéria, não houve resposta.

Ato pela valorização da educação pública

O ato desta quinta-feira faz parte de uma mobilização estadual e nacional em defesa da educação pública de qualidade. Segundo o sindicato, a paralisação busca chamar a atenção da sociedade e do poder público para a situação dos profissionais da rede municipal, que alegam sofrer desvalorização crescente e precarização das condições de trabalho.

Movimentos semelhantes vêm ocorrendo em outros municípios pernambucanos, como Camaragibe, Paulista e Jaboatão dos Guararapes, onde servidores também cobram reajuste salarial e melhorias estruturais nas escolas.

“A paralisação não é contra os alunos nem contra o ensino, mas a favor da educação. Queremos condições dignas para ensinar e garantir que nossos estudantes tenham o direito de aprender com qualidade”, afirmou outro representante do sindicato.

Próximos passos e expectativas da categoria

Ao final da manifestação, os professores pretendem entregar um novo documento com propostas à gestão municipal e aguardar uma posição oficial sobre as reivindicações. Caso não haja avanços, o sindicato já sinalizou que poderá convocar uma nova assembleia para deliberar sobre uma greve por tempo indeterminado.

A paralisação desta quinta (6) reforça o pedido por diálogo e valorização, bandeiras que têm mobilizado docentes em todo o país. Para os profissionais de São Lourenço da Mata, respeitar o servidor é respeitar a educação — e essa é a mensagem que pretendem ecoar pelas ruas da cidade.

A paralisação dos professores de São Lourenço da Mata é mais do que uma reivindicação salarial: representa um chamado por diálogo, dignidade e reconhecimento profissional. Em meio a denúncias de perseguição e más condições de trabalho, a categoria reforça que investir em educação é investir no futuro da cidade.

Enquanto a gestão municipal não se pronuncia, a mobilização segue como um símbolo de resistência e defesa da educação pública, gratuita e de qualidade.

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