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Deputadas Heloísa Helena e Fernanda Melchionna protocolam CPMI para investigar Banco Master

A CPMI do Banco Master é analisada no Congresso para apurar suspeitas financeiras, falhas regulatórias e possíveis impactos ao sistema financeiro nacional.

CPMI do Banco Master
Melchionna e Heloísa Helena defendem CPMI no Congresso. Foto: Divulgação

O Congresso Nacional analisa um requerimento para a criação da CPMI do Banco Master, apresentado pelas deputadas federais Heloísa Helena (REDE-RJ) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS). A proposta prevê a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito com o objetivo de investigar eventuais irregularidades financeiras atribuídas à instituição bancária, além de possíveis falhas na atuação de órgãos reguladores.

O pedido foi protocolado com base no artigo 58 da Constituição Federal e no Regimento Comum do Congresso Nacional, que autorizam a criação de CPIs e CPMIs mediante requerimento com apoio mínimo de parlamentares.

Justificativa do pedido de investigação

Segundo o requerimento, vieram a público nos últimos meses denúncias reiteradas envolvendo o Banco Master, relacionadas a operações financeiras consideradas atípicas e potencialmente incompatíveis com normas do Sistema Financeiro Nacional

As parlamentares apontam ainda a existência de estruturas societárias complexas, com indícios de blindagem patrimonial e possível ocultação de beneficiários finais. O documento também menciona suspeitas sobre o uso de mecanismos financeiros que poderiam estar associados a práticas como lavagem de dinheiro, evasão de divisas ou gestão temerária.

Deputadas Heloísa Helena e Fernanda Melchionna
Deputadas Heloísa Helena e Fernanda Melchionna. Fotos: Bruno Spada / Câmara dos Deputados

Possíveis impactos ao sistema financeiro

Outro ponto central do requerimento é o potencial risco sistêmico. As autoras alertam para possíveis prejuízos a fundos de previdência de servidores públicos, investidores institucionais, correntistas e, em última instância, ao erário.

De acordo com o texto, a investigação busca preservar a confiança no sistema bancário brasileiro e avaliar se houve comprometimento da estabilidade financeira nacional, especialmente diante da complexidade das operações atribuídas ao banco.

Atuação dos órgãos reguladores

O pedido de CPMI também levanta questionamentos sobre a atuação de órgãos como o Banco Central do Brasil, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

As deputadas defendem que a comissão apure se houve omissões, falhas de fiscalização ou respostas insuficientes por parte dessas instituições diante das operações atribuídas ao Banco Master. Esse ponto é tratado como essencial para compreender eventuais lacunas regulatórias.

Escopo da CPMI proposta

Caso seja instalada, a CPMI do Banco Master terá prazo inicial de 120 dias, prorrogáveis por mais 60. Entre os principais pontos a serem investigados estão:

  1. Estrutura societária e financeira do banco, no Brasil e no exterior

  2. Origem e destino dos recursos movimentados

  3. Existência de operações suspeitas ou concentração excessiva de risco

  4. Possíveis crimes financeiros previstos na legislação brasileira

  5. Relações entre dirigentes do banco e agentes públicos

  6. Impactos sobre fundos de pensão e políticas públicas

A comissão também poderá encaminhar suas conclusões a órgãos como o Ministério Público, o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Ponto de vista institucional e presunção de inocência

Até o momento, o requerimento não representa condenação ou comprovação de irregularidades. Trata-se de um instrumento investigativo do Poder Legislativo, que busca esclarecer fatos diante de denúncias consideradas relevantes.

O princípio da presunção de inocência permanece válido, e eventuais responsabilidades só poderão ser atribuídas após apuração técnica, contraditório e ampla defesa, conforme previsto na legislação.

Importância política e institucional

Especialistas em direito público e ciência política apontam que CPMIs cumprem um papel relevante na fiscalização democrática, sobretudo quando envolvem setores sensíveis como o sistema financeiro.

Ao reunir deputados e senadores, a comissão amplia o alcance institucional da investigação e pode contribuir tanto para o esclarecimento dos fatos quanto para o aperfeiçoamento da legislação e da regulação bancária.

Próximos passos no Congresso

O requerimento ainda depende da coleta do número mínimo de assinaturas e da leitura em sessão do Congresso Nacional. Após esse trâmite, caberá às lideranças partidárias indicar os membros da comissão, respeitando a proporcionalidade das bancadas.

Somente após essas etapas a CPMI poderá ser oficialmente instalada e iniciar seus trabalhos.

A proposta de criação da CPMI do Banco Master insere-se no papel constitucional do Congresso de fiscalizar temas de interesse público. O desfecho dependerá do avanço político do requerimento e da capacidade da comissão, caso instalada, de produzir uma investigação técnica, transparente e equilibrada.

O debate reforça a importância da atuação institucional para preservar a confiança no sistema financeiro e garantir a proteção de investidores, consumidores e do interesse coletivo.

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