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Com suspensão de Glauber Braga, Heloísa Helena assume mandato por 6 meses

A suspensão de Glauber Braga por seis meses foi aprovada pela Câmara após debate sobre quebra de decoro. Entenda a votação, os argumentos e seus impactos.

Glauber Braga
Glauber Braga é afastado por 6 meses e Heloísa Helena assume durante o período. Foto: TV Câmara

O plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (10), a suspensão de Glauber Braga (PSOL-RJ) pelo período de seis meses. A decisão, que encerra um dos episódios mais tensos recentes do Parlamento, registrou 318 votos favoráveis e 141 contrários, revelando uma divisão significativa entre os deputados.

O processo analisado tratava de um pedido de quebra de decoro parlamentar, aberto após um confronto entre o deputado e um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) nas dependências do Congresso Nacional, ainda em 2024. Durante a discussão da penalidade, havia a possibilidade de cassação, o que tornaria o parlamentar inelegível por oito anos.

PSOL defende pena mais branda e critica clima de tensão

O PSOL apresentou um destaque na tentativa de evitar a cassação, argumentando que a penalidade seria desproporcional ao episódio e ao histórico do deputado. A legenda reforçou que o caso se deu após o que Glauber classificou como "ofensas pessoais", supostamente direcionadas à sua mãe, o que teria motivado sua reação.

Com a aprovação do destaque, a votação seguiu para a suspensão temporária, considerada menos gravosa. Segundo parlamentares aliados, a decisão preserva o mandato e evita uma punição considerada extrema.

Já para deputados favoráveis à suspensão, a medida representa um “recado institucional”, reforçando a necessidade de respeito às normas internas e aos limites do debate político.

Incidentes na véspera aumentam clima de conflito

Na véspera da votação, Glauber Braga realizou um protesto inusitado ao ocupar a cadeira da Presidência da Câmara, o que interrompeu temporariamente os trabalhos. A ação gerou forte repercussão e levou a Mesa Diretora a determinar a retirada do parlamentar pelo efetivo da Polícia Legislativa.

A intervenção resultou em um episódio de tensão no plenário, com transmissão da TV Câmara suspensa e acesso de jornalistas restringido enquanto a situação era controlada. Glauber, que resistiu à retirada, foi submetido a exame de corpo de delito e registrou ocorrência.

Além do deputado, as parlamentares Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG) também passaram por exames após relatarem empurrões e tensão física no momento da ação policial.

Hugo Motta autoriza Polícia Legislativa e se pronuncia nas redes

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), justificou a decisão de acionar a Polícia Legislativa afirmando que era necessário “garantir o funcionamento regular da Casa”. Em publicação nas redes sociais durante a sessão, o deputado declarou que é fundamental “proteger a democracia do grito”, em referência indireta aos protestos.

A declaração gerou debates entre parlamentares e especialistas em direito legislativo. Para alguns, a medida demonstrou rigidez necessária para preservar a ordem interna. Para outros, o episódio levanta questionamentos sobre transparência, especialmente pela interrupção da cobertura da TV Câmara e pelo bloqueio temporário da imprensa.

Processo no Conselho de Ética e repercussão entre parlamentares

A representação contra Glauber Braga foi protocolada pelo partido Novo após a briga ocorrida em 2024. O Conselho de Ética concluiu pela quebra de decoro e recomendou a suspensão — que ainda poderia ser convertida em cassação, dependendo da votação em plenário.

Parlamentares contrários à punição argumentaram que a Casa tem adotado critérios distintos em diferentes casos, citando episódios anteriores envolvendo confrontos físicos que não resultaram em penalidades severas. Já os defensores da suspensão afirmaram que atitudes agressivas precisam ser contidas para evitar a escalada de violência no ambiente legislativo.

Ao longo da sessão, discursos exaltados marcaram o clima político, enquanto lideranças tentavam reduzir tensões e orientar bancadas sobre o teor do destaque apresentado pelo PSOL.

Primeira suplente, Heloísa Helena reassume mandato temporariamente

Com a aprovação da suspensão de Glauber Braga por seis meses, quem assume a vaga é a ex-senadora Heloísa Helena (Rede-RJ), primeira suplente da federação Rede/PSOL no Rio de Janeiro. Figura histórica da esquerda brasileira, ela foi fundadora do PSOL e já ocupou diversos cargos legislativos.

A volta de Heloísa ao Parlamento ocorre em meio a um cenário polarizado, e sua presença deve influenciar pautas de direitos humanos, saúde e controle de gastos públicos, temas que marcaram sua trajetória política.

Ela ainda não se manifestou oficialmente sobre a suspensão do colega, mas aliados afirmam que sua postura deverá ser de “continuidade do trabalho programático da federação”.

Heloísa Helena
Suspensão de Glauber Braga leva Heloísa Helena a assumir mandato temporariamente. Foto: Divulgação

Especialistas analisam impactos da decisão

Analistas políticos ouvidos por veículos de imprensa ponderam que a suspensão pode ter impacto limitado no longo prazo, já que não retira definitivamente o mandato do deputado. No entanto, acreditam que o episódio fortalece debates sobre os limites da atuação parlamentar e o equilíbrio entre imunidade e responsabilidade.

Constitucionalistas também destacam que o caso pode servir de precedente para futuros julgamentos no Conselho de Ética, especialmente em relação a confrontos físicos e condutas consideradas incompatíveis com o decoro.

O que significa a suspensão de Glauber Braga

A decisão tomada pela Câmara encerra um processo marcado por tensão política, protestos e divergências profundas sobre os limites da liberdade parlamentar. A suspensão afasta Glauber Braga do mandato por seis meses, evita sua inelegibilidade e coloca Heloísa Helena temporariamente na função.

Enquanto aliados do deputado veem a decisão como uma penalidade desproporcional a um episódio de conflito, defensores da suspensão afirmam que a medida resguarda o decoro e a imagem institucional da Câmara.

Os próximos meses devem mostrar como o afastamento influenciará votações, articulações internas e a própria dinâmica da federação Rede/PSOL.

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