Denúncia de violência política de gênero em Jaboatão mobiliza vereadores e partidos após impedimento de parlamentar em evento público oficial.
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| Vereadora Rebecca Regnier relata violência política em Jaboatão. Imagem: Reprodução / Instagram |
A denúncia de violência política de gênero envolvendo a vereadora de Jaboatão dos Guararapes, Rebecca Regnier, trouxe à tona um debate sobre participação feminina na política e o respeito às prerrogativas de mandatos eletivos no município. O episódio ocorreu na noite da última quarta-feira (18/12/2025), durante a Cantata de Natal realizada na Rua da Árvore, no bairro de Candeias.
Segundo relato da parlamentar, ela teria sido impedida de acessar a área reservada às autoridades, espaço que, de acordo com sua declaração, foi liberado para outros vereadores do sexo masculino. O caso repercutiu nas redes sociais e gerou manifestações públicas de solidariedade por parte de parlamentares e partidos políticos.
Relato da vereadora sobre o episódio
Em vídeo publicado em seu perfil oficial no Instagram, Rebecca Regnier descreveu o ocorrido como constrangedor e sem justificativa formal. De acordo com a vereadora, o impedimento aconteceu diante do público presente no evento, sem explicação clara ou critério previamente informado.
“O que aconteceu diz respeito ao nosso mandato. Enquanto outros vereadores homens acessavam livremente a área reservada, eu fui impedida de entrar na frente de todo mundo, sem explicação, sem critério, sem respeito”, afirmou a parlamentar.
No mesmo pronunciamento, a vereadora classificou o episódio como um sinal de alerta. Para ela, situações como essa ultrapassam o campo do erro administrativo e representam práticas que, segundo suas palavras, buscam constranger e silenciar.
Manifestações de solidariedade e apoio político
Após a divulgação do vídeo, o caso motivou notas públicas de apoio e solidariedade. O vereador Henrique Metalúrgico (PT) se manifestou por meio de nota, afirmando que o mandato não se silenciará diante de atitudes que possam restringir a participação das mulheres na política institucional.
Além do PT, partidos como PCdoB, Republicanos e Rede Sustentabilidade também divulgaram posicionamentos em apoio à vereadora. As legendas destacaram a importância do respeito aos mandatos parlamentares e reforçaram o entendimento de que a participação feminina na política deve ocorrer em condições de igualdade.
Essas manifestações ampliaram a repercussão do caso e levaram o tema ao debate público, especialmente nas redes sociais e em veículos de comunicação local.
O que é violência política de gênero
A violência política de gênero é reconhecida pela legislação brasileira como qualquer ação, conduta ou omissão que tenha como objetivo restringir, impedir ou dificultar o exercício dos direitos políticos das mulheres. A prática pode ocorrer por meio de constrangimentos públicos, discriminação institucional, ameaças ou tratamento desigual no exercício do mandato.
A Lei nº 14.192/2021 estabelece normas para prevenir, reprimir e combater esse tipo de violência, prevendo punições e medidas de proteção às mulheres que ocupam cargos eletivos ou atuam na vida política.
Especialistas apontam que episódios envolvendo impedimento de acesso, deslegitimação pública ou tratamento diferenciado em espaços institucionais podem configurar indícios desse tipo de prática, dependendo da apuração dos fatos.
O silêncio do PSD
Até o momento, o Partido Social Democrático (PSD) não divulgou posicionamento oficial sobre a denúncia de violência política de gênero relatada pela vereadora Rebecca Regnier. A ausência de manifestação pública ocorre apesar da repercussão do caso e das notas de solidariedade emitidas por parlamentares e por partidos de diferentes campos políticos, o que tem gerado questionamentos no debate público local.
O silêncio da sigla também chama atenção pelo contexto político em que o partido está inserido no município e no estado. Rebecca Regnier foi eleita pelo PSD, partido ao qual também é filiada a primeira-dama de Jaboatão dos Guararapes, Andreia Medeiros, pré-candidata a deputada estadual. Além disso, o prefeito Mano Medeiros filiou-se recentemente à legenda, movimento articulado a convite da governadora Raquel Lyra, presidente estadual do partido. Até o fechamento desta matéria, não houve manifestação oficial do PSD em âmbito municipal ou estadual sobre o episódio.
Posição da gestão municipal
Até o momento, não houve divulgação oficial de nota pública detalhada por parte da gestão do prefeito Mano Medeiros (PSD) explicando os critérios adotados para o controle de acesso à área reservada durante o evento. A ausência de manifestação formal também passou a ser questionada por setores da sociedade civil e por parlamentares.
Em situações semelhantes, especialistas em administração pública destacam a importância de protocolos claros e impessoais para eventos oficiais, a fim de evitar interpretações de favorecimento ou discriminação.
Repercussão e debate público
O caso ganhou destaque nas redes sociais e em grupos ligados à defesa dos direitos das mulheres. Comentários de apoio e críticas se multiplicaram, reforçando a relevância do debate sobre igualdade de gênero na política municipal.
Organizações que atuam na promoção da democracia e da participação feminina ressaltam que episódios como esse evidenciam desafios ainda enfrentados por mulheres em espaços de poder, especialmente no âmbito local.
Importância da apuração e do equilíbrio institucional
Do ponto de vista jornalístico e institucional, a apuração cuidadosa dos fatos é considerada essencial. O contraditório e a verificação de informações são princípios fundamentais para esclarecer se houve falha organizacional, erro administrativo ou prática discriminatória deliberada.
Especialistas em direito eleitoral destacam que denúncias de violência política de gênero devem ser analisadas com base em provas, relatos e normas vigentes, garantindo tanto o direito das vítimas quanto a ampla defesa dos envolvidos.
A denúncia de violência política de gênero feita pela vereadora Rebecca Regnier durante a Cantata de Natal em Jaboatão dos Guararapes abriu espaço para um debate mais amplo sobre igualdade, respeito institucional e participação feminina na política. As manifestações de solidariedade de parlamentares e partidos demonstram a sensibilidade do tema e sua relevância no cenário político local.
Enquanto o caso segue em discussão pública, o episódio reforça a necessidade de protocolos transparentes em eventos oficiais e de vigilância permanente para garantir que o exercício da política ocorra sem discriminação, assegurando os direitos previstos em lei e o fortalecimento da democracia.

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