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Heloísa Helena avalia esquerda, PT e cenário de 2026

Heloísa Helena critica o PT e o governo Lula, avalia federação PT-PSOL, eleições de 2026 e defende autonomia partidária em entrevista ao Globo.

Heloisa Helena
Heloísa Helena também avalia disputa interna na Rede e cenário eleitoral. Foto: Léo / Divulgação

A deputada federal Heloísa Helena (Rede-RJ), suplente do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), fez críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao próprio Partido dos Trabalhadores. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal O Globo e abordaram temas como a atuação do PT na esquerda brasileira, a possibilidade de uma federação entre PT e PSOL e o cenário político para as eleições de 2026.

Ao longo da entrevista, a parlamentar reiterou posições que mantém desde sua saída do PT, ocorrida em 2003, e destacou que suas convicções ideológicas permanecem inalteradas. As declarações repercutem em um momento de debates internos nos partidos de esquerda sobre alianças eleitorais e estratégias políticas.

Críticas à atuação do PT na esquerda brasileira

Durante a conversa com o periódico, Heloísa Helena afirmou que o PT, historicamente, busca ocupar uma posição de hegemonia no campo progressista. Segundo a deputada, essa postura influencia diretamente as articulações políticas envolvendo outros partidos de esquerda.

“Minha avaliação é que o PT sempre busca ser uma força hegemônica na esquerda brasileira; desta forma, faria mais sentido apenas para eles essa federação”, afirmou.

A fala ocorreu no contexto de uma pergunta sobre a formalização de uma possível federação entre PT e PSOL, que exigiria o rompimento da aliança entre PSOL e Rede Sustentabilidade. Para Heloísa Helena, a decisão sobre eventuais federações cabe exclusivamente às instâncias internas de cada partido.

Federação PT-PSOL e autonomia partidária

Apesar de ter sido uma das fundadoras do PSOL, Heloísa Helena destacou que não cabe interferência externa nesse debate. Ela ressaltou que cada legenda possui legitimidade para decidir com quem deve se federar.

A deputada ponderou, no entanto, que acredita haver resistência interna no PSOL à proposta.

“Acredito que bons rebeldes do PSOL não vejam nessa possibilidade uma alternativa aceitável”, analisou.

O tema da federação tem sido discutido nos bastidores da política nacional como uma estratégia para fortalecer bancadas e ampliar tempo de propaganda, mas também gera divergências ideológicas entre partidos aliados.

Relação com o governo Lula e eleições de 2026

Questionada sobre um eventual apoio da Rede Sustentabilidade à reeleição do presidente Lula em 2026, Heloísa Helena evitou antecipar decisões eleitorais. Segundo ela, o momento é de construção programática e de debate sobre mudanças estruturais no país.

A parlamentar relembrou sua saída do PT, ocorrida há mais de duas décadas.

“Fui escorraçada do PT em 2003, por coerência ideológica, e todo mundo sabe disso. Minhas convicções não mudaram”, declarou.

Ela acrescentou que considera fundamental levar em conta o embate político com grupos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), apontando essa rivalidade como um dos principais fatores a serem analisados no próximo ciclo eleitoral.

Críticas ao arcabouço fiscal e à política econômica

Outro ponto abordado na entrevista foi a política econômica do atual governo. Heloísa Helena se posicionou de forma crítica ao arcabouço fiscal, bem como a propostas de privatização e à destinação de recursos públicos.

“Não contem comigo para conciliar com o grande capital, apoiar o arcabouço fiscal, privatizar setores estratégicos”, afirmou.

Segundo a deputada, políticas dessa natureza podem comprometer investimentos em áreas sociais, o que, em sua avaliação, contraria princípios históricos da esquerda.

Avaliação sobre Bolsonaro e sucessão presidencial

A parlamentar também comentou a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro de lançar seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como pré-candidato à Presidência da República.

Para Heloísa Helena, a escolha segue um padrão recorrente na política brasileira.

“No mundo da idolatria política e das neo-oligarquias, sempre resgatam sobrenomes conhecidos”, afirmou.

Apesar de reconhecer a força política do grupo bolsonarista, ela avaliou que uma vitória em uma eleição presidencial não seria um cenário simples para o campo conservador.

Disputa interna na Rede e posição sobre Marina Silva

Rival política da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, Heloísa Helena também comentou a possibilidade de a ministra deixar a Rede Sustentabilidade. Na avaliação da deputada, Marina deveria aceitar o resultado das disputas internas no partido.

“Faz parte da democracia reconhecer a vitória do lado vencedor e seguir trabalhando pelo que se acredita”, declarou.

A fala reforça o entendimento de que divergências internas são naturais nos partidos políticos e devem ser resolvidas dentro das estruturas partidárias.

As declarações de Heloísa Helena evidenciam as divergências existentes dentro do campo da esquerda brasileira, especialmente em relação ao papel do PT, às alianças políticas e às estratégias para as eleições de 2026. Ao mesmo tempo, a deputada reafirma posições históricas e defende a autonomia partidária, o debate interno e a coerência ideológica como pilares de sua atuação política.

O cenário descrito aponta para um período de intensas discussões entre partidos progressistas, em meio à polarização política e às definições que antecedem o próximo ciclo eleitoral.

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