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Fórum em Fortaleza impulsiona transição energética

Fórum de powershoring em Fortaleza debate investimentos sustentáveis, transição energética e oportunidades econômicas no Nordeste do Brasil.

Nordeste discute powershoring e investimentos verdes.
Diretor do BNB, José Aldemir Freire. Foto: Fernando Cavalcante.

O Nordeste brasileiro reforçou sua posição estratégica na transição energética nesta quinta-feira (23), durante o seminário Como Escalar e Acelerar os Investimentos Sustentáveis no Nordeste: As Oportunidades do Powershoring, realizado em Fortaleza pelo Consórcio Nordeste, Banco do Nordeste (BNB) e Instituto Clima e Sociedade (iCS).

O evento marcou dois anúncios importantes: a criação do Fórum Interinstitucional de Powershoring, plataforma para coordenar esforços na atração e aceleração de cadeias produtivas verdes, e um acordo de cooperação entre o iCS e o Estado de Sergipe, voltado à industrialização verde e desenvolvimento de projetos sustentáveis no estado.

Powershoring: Nordeste como polo industrial verde

O conceito de powershoring, desenvolvido pelo professor Jorge Arbache, da Universidade de Brasília, refere-se à realocação da produção industrial próxima a regiões com abundância de energia renovável e competitiva. A ideia é aproveitar o potencial energético da região para atrair investimentos e consolidar a indústria de baixo carbono.

“O Nordeste tem um diferencial enorme, tanto nacional quanto internacionalmente, que é a abundância de energia renovável — seja eólica, solar ou biomassa. Este seminário sobre powershoring é fundamental para preparar nossa região para a virada na matriz industrial”, afirma Rafael Fonteles, presidente do Consórcio Nordeste e governador do Piauí.

O Fórum atuará como espaço permanente de cooperação entre governos, setor privado, financiadores, organismos multilaterais, centros acadêmicos e sociedade civil. Inicialmente, contará com um Comitê Gestor político e institucional, um Secretariado Executivo de coordenação técnica e Grupos de Trabalho temáticos, focados em infraestrutura verde, atração de investimentos, cadeias de valor e financiamento.

Investimentos e infraestrutura: oportunidades para o Nordeste

“É essencial criar cadeias de valor, aumentar a produtividade e gerar retorno para a população do Nordeste. Precisamos atrair mais investimentos, melhorar a infraestrutura, discutir armazenagem de energias alternativas e explorar nossas vantagens competitivas”, explica Maria Netto, diretora executiva do iCS.

O acordo entre iCS e Sergipe, firmado com a agência Desenvolve-SE, busca implementar o Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial Verde (PSDI Verde), que combina instrumentos financeiros e políticas públicas para descarbonização da indústria local. Para Milton Andrade, presidente da agência, o movimento representa avanço estratégico: “Assinar este instrumento é um passo importante para consolidar uma economia verde e sustentável em Sergipe”.

Nordeste como referência global em energia limpa

Especialistas internacionais participaram do seminário, destacando o potencial da região para integrar geração renovável e produção local. Frank Yu, executivo da Envision Energy, afirmou que “o Brasil reúne condições únicas para atrair investimentos e se consolidar como polo industrial verde, com 95% da matriz energética do Nordeste já baseada em fontes limpas”.

Chen Mingming, CFO da State Grid Brazil Holding, destacou a importância da transmissão de energia renovável: “O desafio está em conectar a energia limpa a uma rede elétrica maior. Estamos construindo a maior linha de transmissão do Nordeste a Goiás, com R$ 23 bilhões em investimentos, criando mais de 30 mil empregos diretos e capacidade de 5 gigawatts”.

Para o Banco do Nordeste, que já financia diversos projetos de transição energética, a iniciativa fortalece a infraestrutura intrarregional, especialmente no Ceará, potencial produtor de hidrogênio verde, mas ainda com limitações na distribuição e uso da energia gerada.

Temas centrais do seminário

O evento abordou temas estratégicos, como:

  1. Fortalecimento do ambiente de negócios para atração de investimentos verdes;

  2. Estruturação de projetos qualificados;

  3. Desenvolvimento de instrumentos financeiros inovadores;

  4. Experiências internacionais, principalmente da China, líder em indústria de descarbonização;

  5. Marcos institucionais para impulsionar o desenvolvimento industrial sustentável.

O fórum contou com apoio do UK Partnering for Accelerated Climate Transitions (UK PACT), Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), Instituto E+ Transição Energética, CEBDS e Conselho Empresarial Brasil China (CEBC), reforçando a cooperação internacional na agenda de transição energética e industrialização verde.

Impactos esperados

O fórum e os projetos associados têm como objetivo:

  1. Consolidar o Nordeste como referência global em soluções climáticas;

  2. Promover empregos verdes e desenvolvimento econômico local;

  3. Garantir governança e planejamento de longo prazo;

  4. Atrair investimentos nacionais e internacionais;

  5. Fortalecer infraestrutura e logística de energia renovável.

O seminário em Fortaleza representou um marco na discussão sobre powershoring e transição energética no Nordeste. A criação do fórum interinstitucional e os acordos estratégicos buscam transformar a região em polo industrial verde, combinando crescimento econômico, sustentabilidade e inovação tecnológica.

Com o alinhamento de governos, setor privado e instituições internacionais, o Nordeste se posiciona como protagonista na agenda global de energia limpa, mostrando que a integração de investimentos sustentáveis, políticas públicas e infraestrutura pode gerar resultados econômicos e sociais significativos para a região e para o país.

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