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Lula propõe novo acordo e meta de US$ 15 bi com Vietnã

Lula e o premiê vietnamita discutem ampliação do comércio e cooperação ambiental na 47ª Cúpula da ASEAN.

Lula e Pham Minh Chinh
Encontro do presidente Lula com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh. Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu neste domingo (26) com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh, à margem da 47ª Cúpula da ASEAN, realizada na Malásia. O encontro reforçou o compromisso do Brasil em fortalecer as relações bilaterais e expandir o intercâmbio comercial entre os dois países, que vêm consolidando laços políticos e econômicos nos últimos anos.

A reunião foi uma continuação do diálogo iniciado durante a Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro, e marca uma sequência de encontros diplomáticos entre Lula e Chinh — sinal de uma agenda estratégica e estável entre Brasília e Hanói.

Avanços no comércio e nova meta para 2030

Durante a conversa, Lula agradeceu os avanços na abertura do mercado vietnamita a produtos brasileiros, incluindo carnes, soja e café, e reafirmou o objetivo de elevar o fluxo comercial bilateral para US$ 15 bilhões até 2030.

O Brasil e o Vietnã registraram, em 2023, um comércio bilateral de aproximadamente US$ 7,3 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O novo patamar projetado pelos líderes representa um aumento de mais de 100% nas trocas comerciais entre os dois países.

“A relação entre Brasil e Vietnã é estratégica e demonstra o potencial do Sul Global em construir pontes sustentáveis de desenvolvimento”, afirmou Lula durante o encontro.

Acordo com o Mercosul e diversificação de parcerias

O primeiro-ministro Pham Minh Chinh destacou o interesse do Vietnã em aprofundar a relação com o Mercosul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Lula, por sua vez, expressou a disposição do Brasil em negociar um Acordo-Quadro de Cooperação Econômica com o país asiático até o fim da presidência brasileira do Mercosul, prevista para o segundo semestre de 2025.

A iniciativa busca diversificar parcerias comerciais em um cenário global marcado por tensões nas cadeias de suprimentos e instabilidade geopolítica. Segundo o Itamaraty, a Ásia responde por 36% das exportações brasileiras, e o Vietnã tem se destacado como um dos mercados mais promissores da região.

Sustentabilidade e COP30 no centro da pauta

Além da agenda econômica, os dois líderes também discutiram cooperação ambiental e financiamento climático. Lula convidou o Vietnã a participar em alto nível da COP30, que será realizada em Belém (PA), em 2025.

O presidente brasileiro ressaltou a importância de articular esforços internacionais para ampliar o financiamento de políticas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Também mencionou a proposta brasileira de criar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, iniciativa voltada à preservação de biomas como a Amazônia, o Congo e as florestas do Sudeste Asiático.

Pham Minh Chinh manifestou apoio às propostas do Brasil e elogiou o papel de liderança do país no debate climático global. O premiê reafirmou o compromisso do Vietnã com a neutralidade de carbono até 2050, alinhando-se às metas de transição energética e economia verde.

Apoio ao Brasil nas instituições multilaterais

Durante o encontro, o primeiro-ministro vietnamita também reiterou o apoio do Vietnã ao engajamento do Brasil na reforma das instituições multilaterais, como o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU).

O Brasil busca, há décadas, uma cadeira permanente no Conselho, defendendo que países em desenvolvimento tenham maior representação nas decisões globais.

“O Vietnã reconhece a importância do Brasil na construção de um sistema internacional mais justo e equilibrado”, destacou Chinh.

Relações em expansão

Desde o restabelecimento das relações diplomáticas em 1989, Brasil e Vietnã têm aprofundado a cooperação em áreas como agricultura, energia, defesa e educação.

De acordo com o Itamaraty, há mais de 100 empresas brasileiras com relações comerciais diretas com o Vietnã. O país asiático é hoje o principal parceiro do Brasil na Indochina e um importante destino para produtos do agronegócio.

Em contrapartida, o Brasil importa equipamentos eletrônicos, têxteis e calçados vietnamitas, fortalecendo a balança comercial entre os dois mercados emergentes.

O encontro entre Lula e Pham Minh Chinh reafirma o comprometimento do Brasil com uma política externa multilateral, sustentável e voltada ao desenvolvimento conjunto.

A meta de elevar o comércio bilateral para US$ 15 bilhões até 2030, aliada à disposição de firmar um novo acordo econômico, posiciona Brasil e Vietnã como parceiros estratégicos no contexto do Sul Global.

A aproximação também reforça a diplomacia climática brasileira e projeta o país como protagonista na COP30, ampliando seu papel na agenda internacional de desenvolvimento sustentável.

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