O nepotismo técnico no Brasil concentra poder em famílias, fragiliza a administração pública e representa retrocesso na política nacional.
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| Sessão plenária do STF. Foto: Luiz Silveira/STF |
O nepotismo técnico voltou ao centro do debate político brasileiro após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que permite a nomeação de parentes para cargos políticos, desde que comprovada “qualificação técnica” e “idoneidade moral”. A medida gera uma reflexão importante: trata-se de um avanço administrativo ou de um retrocesso democrático que concentra poder em famílias influentes?
STF e a flexibilização do nepotismo técnico no Brasil
A decisão do STF flexibiliza a Súmula Vinculante 13, que proíbe o nepotismo na administração pública. Pela nova interpretação, chefes do Executivo podem nomear familiares para funções de natureza política, como secretarias e cargos de confiança, desde que observem critérios técnicos e morais.
No entanto, essa flexibilização levanta questões sobre a real aplicação da norma. O risco é a criação de cargos extraordinários para acomodar parentes, consolidando redes familiares de poder e reduzindo o espaço para novos atores políticos.
Consequências da concentração de poder em famílias políticas
Especialistas alertam que o nepotismo técnico tende a perpetuar privilégios e enfraquecer instituições. Ao permitir que famílias influentes ocupem cargos estratégicos, a medida concentra poder e limita a diversidade na administração pública, prejudicando a governança democrática e a confiança da sociedade.
O risco da subjetividade na avaliação da “qualificação técnica”
Outro ponto crítico é a subjetividade do critério de qualificação. Quem define se um familiar é tecnicamente apto para o cargo? Sem mecanismos claros de fiscalização, o critério pode ser manipulado, permitindo que o nepotismo técnico sirva mais a interesses privados do que ao serviço público.
Transparência, pluralidade e governança em risco
A administração pública não deve se basear apenas na competência isolada de indivíduos, mas em transparência, pluralidade e controle social. O nepotismo técnico, ao criar exceções à regra do nepotismo, fragiliza esses pilares, reduzindo a accountability e fortalecendo estruturas oligárquicas.
O nepotismo técnico representa um retrocesso na política brasileira. Em vez de fortalecer a gestão pública, concentra poder em famílias poderosas, fragiliza instituições e limita o acesso de novos talentos ao governo. Para uma democracia saudável, é necessário equilibrar competência técnica com equidade, transparência e governança sólida.
Para mais informações sobre as regras do STF, consulte: Súmula Vinculante 13 STF.

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