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132 mortos e nenhuma solução: o fracasso da política de Cláudio Castro do PL

Com 132 mortos, a Operação Contenção mostra o fracasso da segurança pública no Rio e a ausência de inteligência no governo Cláudio Castro.

Mortos no Rio de Janeiro
População periférica e entidades questionam o balanço apresentado por Castro para a Operação Contenção. Foto: Eduardo Anizelli

A recente Operação Contenção, promovida pelo governo do Rio de Janeiro e exaltada pelo governador Cláudio Castro (PL) como “um sucesso”, deixou 132 mortos — entre civis, suspeitos e policiais. Trata-se da ação mais letal da história do estado e, ao mesmo tempo, da prova mais evidente do fracasso da política de segurança pública fluminense.

A política da bala e o fracasso da segurança pública

Enquanto o governo do Rio celebra um saldo de corpos, o país presencia um exemplo diametralmente oposto vindo da Polícia Federal. Na última quinta-feira (28), a corporação deflagrou a Operação Tank, no Paraná, para desarticular o braço financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação cumpriu mandados de busca e prisão em diversas cidades e, apesar de suspeitas de vazamento de informações, que permitiram a fuga de oito investigados, nenhuma morte ou disparo de arma de fogo foi registrado.

Durante o cumprimento das ordens judiciais, agentes perceberam que alguns endereços estavam vazios — sem computadores ou carros de luxo —, o que reforçou a hipótese de que dados da operação teriam sido vazados previamente. Mesmo assim, dos 14 mandados de prisão expedidos, seis foram cumpridos com êxito. O episódio levou a PF a abrir um inquérito interno para investigar o possível vazamento de informações sigilosas.

O contraste entre as duas operações é emblemático. De um lado, uma instituição que age com base em inteligência e proporcionalidade, mesmo diante de falhas operacionais. De outro, um governo estadual que mede o sucesso pela quantidade de mortos. Enquanto a Polícia Federal combate o crime organizado com estratégia e precisão, o governo do Rio insiste em um modelo militarizado e punitivista, que transforma favelas em campos de guerra e vidas humanas em estatísticas descartáveis.

Cláudio Castro
Governador Cláudio Castro em coletiva de imprensa após megaoperação policial que deixou ao menos 64 mortos no Rio de Janeiro. Foto: PABLO PORCIUNCULA/AFP

Quando o Estado confunde força com justiça

Quando o governador Cláudio Castro afirma que “de vítimas só tivemos os policiais”, ele nega a humanidade das demais pessoas mortas — sejam suspeitas, moradores ou simples civis. Essa frase sintetiza a visão autoritária e desumanizada que orienta a política de segurança pública no estado. Não há vitória onde há massacre, nem sucesso onde o preço é o sangue de 132 pessoas.

A experiência da Operação Tank mostra que o enfrentamento ao crime organizado não exige extermínio, mas inteligência e coordenação interinstitucional. O PCC sofreu prejuízos milionários, com bloqueio de bens, contas bancárias e apreensão de veículos, sem que uma única pessoa fosse morta. Essa é a diferença entre uma política de segurança de Estado e uma política de espetáculo.

A letalidade policial no Rio de Janeiro é um sintoma crônico de um Estado que não aprendeu a distinguir força de eficiência. O que se pratica nas comunidades fluminenses não é segurança pública, mas vingança institucionalizada. A morte virou rotina, e o medo, uma política. Em vez de combater o tráfico, o governo alimenta o caos, perpetuando um ciclo de violência que corrói a confiança nas instituições e isola ainda mais as populações periféricas.

A urgência de uma nova política de segurança no Rio de Janeiro

É urgente que o Rio de Janeiro abandone o modelo da bala e adote o caminho da inteligência — o mesmo que tem dado resultados concretos à Polícia Federal. O verdadeiro combate ao crime começa com investigação, tecnologia, rastreamento financeiro e políticas sociais estruturantes. Ações que salvam vidas, em vez de ceifá-las.

Enquanto Cláudio Castro insiste em transformar tragédias em troféus, o país observa que é possível combater o crime organizado sem transformar o Estado em máquina de matar. O que falta ao Rio não é munição — é visão, humanidade e compromisso com a vida.

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