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Recife apresenta projetos de jovens na COP30, em Belém

Programa Jovens no Clima e ações da Prefeitura do Recife são destaque em debates sobre governança climática.

Jovens na COP30
Representantes de coletivos recifenses compartilham experiências sobre meio ambiente e direitos humanos na COP30. Foto: Ytalo Marculino

BELÉM (PA) — No terceiro dia da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), iniciativas ambientais e de direitos humanos promovidas pela Prefeitura do Recife chamaram atenção de participantes e observadores internacionais. Jovens integrantes do programa Jovens no Clima apresentaram seus projetos em três atividades distintas — duas na Zona Verde e uma na Casa das ONGs — reforçando o protagonismo das juventudes recifenses na agenda climática global.

A participação do Recife ocorreu por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Juventude, que tem incentivado ações voltadas à formação cidadã e ao enfrentamento das mudanças climáticas. O secretário Marco Aurélio Filho participou do Painel de Apresentação do Plantão Integrado para a Proteção de Crianças e Adolescentes na COP30, no estande do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), e também visitou o Museu das Amazônias, um dos espaços interativos da conferência.

Proteção de crianças e adolescentes como modelo de governança

No estande do MDHC, foi detalhado o processo de construção participativa do Plano de Ação para a Proteção Integral de Crianças e Adolescentes na COP30, com destaque para o Plantão Integrado, estratégia inspirada no projeto “Carnaval de Direitos”, realizado anualmente no Recife. O modelo tem como foco fortalecer a rede de proteção infantojuvenil durante grandes eventos.

“O Recife tem acumulado experiências bem-sucedidas na proteção e promoção dos direitos humanos. A COP30 é uma oportunidade valiosa para compartilhar essas práticas e ampliar o diálogo”, afirmou Marco Aurélio Filho. O secretário também apresentou as pulseiras de identificação infantil com QR Code, tecnologia social desenvolvida no Recife para agilizar a localização de crianças e garantir respostas rápidas em situações de emergência.

Juventudes recifenses ocupam espaços de debate climático

Os jovens recifenses tiveram presença expressiva nos debates da conferência. No Pavilhão Belém+10, na Zona Verde, ocorreu o diálogo autogestionado “Balanço Ético Global: Olhos D’Água, da nascente aos rios”, com a participação de Alanna Barros, integrante do coletivo EcoÁguas Zona Costeira. Ela apresentou o projeto “Alerta Vermelho: monitoramento climático de ações educativas sobre a maré vermelha”, que alia ciência cidadã e educação ambiental para investigar o fenômeno em áreas costeiras do Recife.

O projeto, apoiado pelo programa Jovens no Clima, promoveu oficinas, coleta de dados e formação de lideranças ambientais em comunidades afetadas. “Trabalhamos com informação e engajamento. A maré vermelha impacta diretamente a vida de quem depende do mar, e nosso papel é gerar consciência sobre isso”, destacou Alanna.

Racismo ambiental e participação social em foco

Na Casa das ONGs, a roda de conversa “Democracia em Ação: Participação Social e Governança Climática”, organizada pela Abong, reuniu representantes de diversos coletivos. A estudante de serviço social Eva Arruda, do coletivo Salve Beberibe, apresentou o projeto Jovens Defensores do Rio Beberibe, que promove ações de educação ambiental, combate ao racismo ambiental e reflorestamento nas margens do rio.

Eva relatou que a experiência da Assembleia Cidadã do Jovens no Clima foi fundamental para ampliar a diversidade dos debates. “Tivemos representatividade de pessoas LGBTQIA+, neurodivergentes e de diferentes territórios. Isso enriquece a construção coletiva e a participação democrática”, afirmou.

Protagonismo da juventude negra e territorialidade

Também na Zona Verde, o painel “Vozes do território, juventude negra, racismo ambiental e luta climática”, realizado no Pavilhão Círculo dos Povos, contou com a presença de Elza Medeiros, integrante do coletivo Uh Ibura Aê. Ela apresentou o projeto “Confabulando Ibura: Juventude, Território e Clima”, destacando o papel da comunicação comunitária e da ancestralidade na conscientização ambiental.

“Elaboramos formações, fizemos pesquisa participativa e lançamos um site com os resultados. Participar da COP30 é mostrar que as soluções climáticas também nascem nos territórios periféricos”, relatou Elza.

Programa Jovens no Clima impulsiona inovação social

O Jovens no Clima é uma iniciativa da Prefeitura do Recife, em parceria com a Rede Conhecimento Social e o Delibera Brasil, voltada à formação de jovens em temáticas ambientais e de direitos humanos. A ação foi viabilizada graças ao reconhecimento internacional do Recife como uma das 100 cidades selecionadas pelo Fundo de Ação Climática Juvenil, apoiado pela Bloomberg Philanthropies, UCLG e Bloomberg Center for Public Innovation.

Cada coletivo contemplado recebeu R$ 20 mil para desenvolver seus projetos, fortalecendo a cultura de inovação e engajamento comunitário. “O que vemos na COP30 é o reflexo de um trabalho coletivo que une ciência, política pública e protagonismo juvenil”, destacou o secretário Marco Aurélio Filho.

Resumo e perspectivas

A presença do Recife na COP30 reforça a importância das cidades na governança climática global e evidencia o potencial das juventudes como agentes de transformação social. As iniciativas apresentadas mostram que as soluções para a crise climática exigem integração entre meio ambiente, direitos humanos e participação popular.

Com exemplos práticos, como os projetos do Jovens no Clima e o Plantão Integrado, o Recife contribui para o fortalecimento de políticas públicas sustentáveis e inclusivas, alinhadas às metas globais de adaptação e mitigação climática.

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