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Presidente Lula cobra compromisso global com Acordo de Paris

Lula alerta sobre riscos climáticos e reforça compromisso global com o Acordo de Paris na Cúpula do Clima em Belém.

Lula
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a Segunda Sessão Temática da Mesa Redonda de Líderes: “Transição Energética”. Mesa Redonda de Líderes – Parque da Cidade – Belém (PA). Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou nesta sexta-feira (7) preocupação com a situação climática global e conclamou líderes mundiais a reafirmarem o compromisso com o Acordo de Pari, que completa 10 anos. Em sessão temática da Cúpula do Clima realizada na capital paraense, o presidente criticou a ação de países para conter as mudanças do clima e defendeu medidas adicionais para cumprir as metas de mitigação.

“O mundo ainda está distante de atingir o objetivo do Acordo de Paris. O acordo se baseia no entendimento de que cada país fará o melhor que estiver ao seu alcance para evitar o aquecimento de 1,5º C. O que nos cabe perguntar hoje é: estamos realmente fazendo o melhor possível? A resposta é: ainda não”, afirmou Lula, destacando que regiões da América Latina, Ásia e África estão entre as mais vulneráveis ao aquecimento global.

Segundo o presidente, o aumento do nível do mar, causado pelo derretimento das geleiras, ameaça tornar inabitáveis ilhas no Caribe e no Pacífico. “Omitir-se é sentenciar novamente aqueles que já são os condenados da Terra”, afirmou.

Revisão das metas e NDCs

Lula ressaltou a importância de revitalizar as metas do Acordo de Paris, por meio das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Ele lembrou que cem países, responsáveis por quase 73% das emissões globais, apresentaram suas NDCs recentes, abrangendo todos os setores econômicos e gases de efeito estufa. No entanto, mesmo com esses avanços, o planeta caminha para um aquecimento de cerca de 2,5º C.

“No que depender do Brasil, Belém será o lugar onde renovaremos nosso compromisso com o Acordo de Paris”, afirmou. O presidente apontou que é necessário não apenas implementar o que já foi acordado, mas também adotar medidas adicionais para reduzir a lacuna entre a retórica e a realidade.

Comunidades tradicionais e financiamento climático

Durante seu discurso, Lula destacou a proposta de incluir comunidades indígenas e tradicionais nas políticas de mitigação climática, reforçando o papel dessas populações na proteção ambiental.

No tocante ao financiamento climático, o presidente mencionou o Mapa do Caminho Baku-Belém, que propõe alternativas para alcançar a meta de US$ 1,3 trilhão anuais destinados à mitigação e adaptação aos efeitos do aquecimento global.

“Hoje, apenas uma pequena parcela do financiamento climático chega a países em desenvolvimento. A maioria ainda vem sob forma de empréstimos. Não faz sentido exigir que esses países paguem juros para combater o aquecimento global. Isso representa um financiamento reverso, fluindo do Sul para o Norte global”, argumentou. Lula defendeu instrumentos de troca de dívida por ações climáticas e ressaltou que o enfrentamento da mudança do clima deve ser visto como investimento, e não gasto.

Taxação de grandes fortunas e mercados de carbono

O presidente também abordou a concentração de riqueza global, destacando dados da Oxfam: indivíduos do 0,1% mais rico emitem mais carbono em um único dia do que 50% mais pobres da população mundial durante um ano. Por isso, Lula defendeu a taxação de grandes fortunas e de corporações multinacionais como mecanismo para gerar recursos para a ação climática.

Além disso, o presidente apontou que os mercados de carbono podem se tornar fontes de receita pública, desde que os países adotem padrões comuns e aumentem a escala das operações.

Conselho do Clima e multilateralismo

Lula propôs a criação de um Conselho do Clima da ONU e reforçou a importância do multilateralismo como solução para o aquecimento global. “Não existe solução para o planeta fora do multilateralismo. A Terra é única, a humanidade é uma só, e a resposta tem que vir de todos para todos”, concluiu.

Cúpula do Clima e COP30

A Cúpula do Clima em Belém encerra suas atividades nesta sexta-feira e antecede a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada entre 10 e 21 de novembro na mesma cidade. O evento reúne chefes de Estado, representantes de governos e diplomatas de mais de 70 países, totalizando mais de cem representações internacionais.

O objetivo da conferência é atualizar e reforçar compromissos multilaterais para enfrentar a urgência da crise climática e promover ações concretas de mitigação e adaptação.

Perspectivas globais

Analistas ambientais ressaltam que, embora o Acordo de Paris tenha estabelecido um marco de cooperação global, a implementação efetiva das NDCs ainda enfrenta desafios significativos. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que medidas adicionais, financiamento adequado e inclusão de populações vulneráveis são cruciais para evitar impactos irreversíveis.

Líderes de países desenvolvidos e em desenvolvimento têm enfatizado a necessidade de soluções conjuntas e equitativas, conciliando crescimento econômico e sustentabilidade. A Cúpula em Belém reforça esse debate, reunindo múltiplos pontos de vista e buscando consenso para ações efetivas nos próximos anos.

O discurso do presidente Lula na Cúpula do Clima reforça a urgência em fortalecer o multilateralismo e ampliar os esforços globais contra o aquecimento. A reunião de Belém marca um momento simbólico, ao destacar a importância de políticas climáticas integradas, financiamento justo e a participação ativa de comunidades indígenas e tradicionais.

O Acordo de Paris, agora com 10 anos, permanece como referência global para a mitigação das mudanças climáticas, mas especialistas apontam que o sucesso dependerá da execução concreta das NDCs e da cooperação internacional efetiva.

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