Ministra Gleisi Hoffmann critica Hugo Motta por indicar Derrite como relator do projeto Antifacção, que prevê até 30 anos de prisão para organizações criminosas.
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| Ministra Gleisi Hoffmann critica decisão de Hugo Motta, mas reconhece prerrogativa da Câmara |
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou o deputado federal Guilherme Derrite (PP-SP) como relator do projeto de lei Antifacção. A decisão gerou críticas da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, que ressaltou o caráter técnico da escolha e também expressou preocupação com possíveis interesses políticos envolvidos.
Em postagem no X, Gleisi destacou que a indicação do relator é prerrogativa do presidente da Câmara, mas afirmou que “a opção pelo Secretário de Segurança do governador Tarcísio de Freitas contamina o debate com os objetivos eleitoreiros de seu campo político”.
O projeto de lei Antifacção, de autoria do Executivo e encaminhado ao Congresso na sexta-feira (31), foi defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como uma prioridade do governo. Segundo o mandatário, a proposta visa fortalecer o Estado no combate às organizações criminosas que controlam territórios e atividades econômicas no país.
Principais pontos do projeto Antifacção
O texto prevê a criação do tipo penal "organização criminosa qualificada", cujo condenado poderá receber pena de até 30 anos de prisão. A iniciativa busca atender demandas da sociedade por medidas mais rigorosas contra o crime organizado e, segundo o governo, garante maior eficiência nas investigações e no julgamento de crimes complexos.
Em sua postagem, Gleisi Hoffmann enfatizou que “o governo seguirá trabalhando no Congresso para que prevaleça o interesse público e seja resguardada a soberania nacional”. A ministra acrescentou que o envio do projeto ao Legislativo pretende gerar um debate consequente sobre o tema, envolvendo todas as bancadas parlamentares.
Derrite reassume mandato e lidera relatoria
Guilherme Derrite deixou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo na quarta-feira (5) para reassumir o mandato de deputado federal e conduzir a relatoria do projeto no plenário. A escolha do parlamentar da oposição, segundo Hugo Motta, visa garantir uma tramitação técnica, transparente e com diálogo entre as diferentes bancadas da Câmara.
Em nota, Motta afirmou que a seleção do relator não interfere no mérito da proposta e que a relatoria técnica é fundamental para esclarecer dúvidas, analisar impactos legais e promover ajustes necessários antes da votação.
Reações políticas
A indicação de Derrite gerou divergências políticas. Enquanto Gleisi Hoffmann criticou o que considera um movimento com fins eleitorais, aliados do presidente da Câmara defendem que a escolha reforça a neutralidade e a objetividade na análise do projeto.
Especialistas em direito penal ouvidos pela reportagem lembram que a tramitação de projetos sensíveis como o Antifacção requer atenção redobrada, pois envolve garantias constitucionais, potencial aumento de penas e mudanças na legislação penal.
Caminho do projeto
Após a relatoria de Derrite, o texto passará por análise nas comissões pertinentes antes de ser votado em plenário. O objetivo é garantir que o projeto seja debatido de forma ampla, contemplando sugestões de diferentes partidos e setores da sociedade civil.
O governo federal reiterou que a proposta é prioritária e que busca criar instrumentos legais eficazes para enfrentar o crime organizado, sem comprometer direitos fundamentais. Segundo a equipe jurídica do Executivo, o projeto também está alinhado com tratados internacionais de combate ao crime transnacional.
Expectativa de tramitação
O envio do projeto ao Congresso abriu espaço para um debate que, segundo parlamentares, deve ser técnico e transparente. Enquanto isso, o governo seguirá articulando junto às bancadas para que a proposta avance de forma equilibrada e em conformidade com o interesse público.
O episódio reforça a importância da independência do Legislativo na escolha de relatorias e demonstra como decisões políticas podem gerar repercussão tanto na esfera institucional quanto na opinião pública.
A escolha de Guilherme Derrite como relator do projeto de lei Antifacção evidencia a complexidade do processo legislativo, em que prerrogativas institucionais, debates políticos e interesses públicos se entrelaçam. A proposta, que prevê penas mais rigorosas para organizações criminosas, seguirá tramitando no Congresso sob atenção da sociedade e do governo federal.

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