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Marina Silva defende combate conjunto à fome e crise climática

Ministra Marina Silva defende, na COP30, o combate integrado à fome, pobreza e crise climática após o tornado devastar cidade no Paraná.

Marina Silva
COP30: Marina Silva liga desigualdade e emergência climática. Foto:  Tânia Rêgo/Agência Brasil

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu nesta segunda-feira (10) que fome, pobreza e crise climática devem ser enfrentadas de forma integrada. A declaração ocorreu durante um evento paralelo da COP30, em Belém (PA), e foi motivada pelo recente tornado que atingiu o Paraná, provocando destruição, mortes e deixando centenas de famílias desabrigadas.

Segundo a ministra, a tragédia evidencia como os fenômenos climáticos extremos têm aprofundado desigualdades sociais no Brasil e no mundo.

“As pessoas perdem seus sistemas alimentares, locais de trabalho, quando tem uma enchente, quando tem um tufão ou um furacão, agravado pela mudança do clima, como aconteceu agora no Paraná, onde uma cidade inteira foi arrasada com perdas de vida. Elas ficam mais vulneráveis”, afirmou Marina Silva.

Crise climática e desigualdade: um desafio interligado

Marina destacou que não é possível dissociar a luta contra a desigualdade do combate à emergência climática. Para ela, políticas ambientais precisam caminhar junto com ações de proteção social e econômica.

“Pensar o enfrentamento da desigualdade junto com o enfrentamento da mudança do clima é algo perfeitamente possível, e é o único caminho para lidar com os dois problemas com eficiência”, complementou.

Especialistas em meio ambiente têm reforçado que eventos climáticos extremos, como secas, enchentes e tornados, vêm se tornando mais frequentes e intensos. De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), 90% dos desastres naturais registrados nas últimas décadas estão relacionados a condições climáticas agravadas pela ação humana.

Agricultura familiar e povos tradicionais no centro das soluções

O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, também participou do evento. Ele ressaltou a importância de fortalecer redes de proteção social e valorizar povos tradicionais e agricultores familiares, que desempenham papel fundamental na segurança alimentar e na preservação ambiental.

“Não há segurança alimentar nem resiliência climática sem aqueles que cuidam da terra, das águas e das sementes. A agricultura familiar fornece a maior parte dos nossos alimentos”, destacou Dias.
“Povos tradicionais agem como guardiões de técnicas de plantio e da diversidade genética. A floresta produtiva é um caminho que integra o social, o ambiental e o ecológico”, completou.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que 70% dos alimentos consumidos no mundo vêm de pequenos produtores, reforçando o papel estratégico da agricultura familiar em tempos de crise climática.

Declaração de Belém: um marco da ação conjunta

O debate também fez referência à Declaração de Belém sobre Fome, Pobreza e Ação Climática Centrada nas Pessoas, aprovada no último dia 7 de novembro durante a Cúpula do Clima. O documento foi assinado por 43 países e a União Europeia, e coloca o combate à fome e à pobreza no centro das discussões sobre mudança do clima.

Para a ministra da Cooperação e Desenvolvimento da Alemanha, Reem Alabali Radovan, o compromisso é um avanço importante na articulação entre justiça social e ambiental.

“Esta declaração representa um passo pioneiro na articulação entre ação climática, proteção social e segurança alimentar. Reconhece que a proteção do planeta e das pessoas devem caminhar juntas”, afirmou.
“A agricultura sustentável e o desenvolvimento rural inclusivo são essenciais para enfrentar o desafio climático global e garantir que ninguém seja deixado para trás”, acrescentou a ministra.

Tornado no Paraná expõe vulnerabilidade social

O tornado que atingiu o município de Cascavel, no Paraná, na última sexta-feira (7), deixou um rastro de destruição. Casas foram destelhadas, plantações devastadas e houve registro de mortes e feridos. Segundo a Defesa Civil estadual, dezenas de famílias precisaram ser removidas das áreas afetadas.

Pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) apontam que o fenômeno, embora raro, pode estar relacionado ao aquecimento das massas de ar e ao aumento da umidade atmosférica, ambos agravados pela mudança climática global.

O episódio reforça o alerta de organismos internacionais sobre a vulnerabilidade das populações de baixa renda, que vivem em regiões mais expostas e têm menos acesso a infraestrutura adequada, seguros e políticas de adaptação.

Caminhos para o futuro: integração de políticas públicas

Tanto Marina Silva quanto Wellington Dias defenderam que o Brasil siga fortalecendo a integração entre políticas ambientais e sociais. A proposta, segundo eles, será levada às discussões oficiais da COP30, prevista para novembro de 2025, também em Belém.

Especialistas avaliam que o país pode se tornar uma referência global em transição ecológica justa, desde que as políticas climáticas sejam acompanhadas de investimentos em educação ambiental, agricultura regenerativa e redução das desigualdades.

O tornado no Paraná e os debates na COP30 reforçam um ponto central das falas de Marina Silva: a crise climática é também uma crise social. Ao defender que o combate à fome, à pobreza e à mudança do clima seja feito de forma conjunta, o Brasil busca consolidar uma agenda de justiça climática e inclusão social, com impacto direto sobre o futuro das populações mais vulneráveis.

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