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Glauber Braga volta a criticar Arthur Lira após operação da PF

Glauber Braga critica Arthur Lira após operação da PF envolvendo ex-assessora investigada em esquema do orçamento secreto; entenda os desdobramentos.

Glauber Braga
Deputado Federal Glauber Braga suspenso pela Câmara. Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

O deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ) voltou a fazer duras críticas ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), após uma nova operação da Polícia Federal que teve como alvo Mariângela Fialek, ex-assessora do parlamentar alagoano. Ela é investigada como suposta operadora de um esquema de desvio de recursos do chamado orçamento secreto, mecanismo amplamente debatido nos últimos anos por causa da falta de transparência na destinação das emendas de relator (RP9).

A declaração do parlamentar ocorreu nesta terça-feira (16/12), durante entrevista ao portal Metrópoles, na TVM. A fala acontece poucos dias depois da operação realizada pela PF, na sexta-feira (12/12), que integra um conjunto de investigações sobre o uso irregular de verbas públicas. O tema volta a movimentar o debate político em Brasília, especialmente em meio à suspensão do mandato do deputado do PSol, que deve durar seis meses, conforme decisão da Câmara.

Suspensão do mandato e início do processo no Conselho de Ética

Durante a entrevista, Glauber Braga afirmou acreditar que a suspensão de seu mandato está relacionada às denúncias que fez ao longo de sua trajetória parlamentar. O processo no Conselho de Ética foi aberto após um episódio ocorrido no plenário, em que houve troca de acusações entre o deputado e Arthur Lira.

O parlamentar, no entanto, rejeita a ideia de que o processo disciplinar e seu depoimento à Polícia Federal, prestado em fevereiro deste ano, tenham sido coincidências temporais. Segundo ele, a abertura do procedimento em março teria relação indireta com sua postura crítica.

Não houve coincidência. Arthur Lira é o pai do orçamento secreto”, afirmou.

A Câmara dos Deputados confirmou a suspensão do mandato em votação majoritária. A decisão, porém, ainda gera discussões entre especialistas em direito constitucional, que analisam a proporcionalidade da punição e os possíveis reflexos na atividade legislativa do PSol no período de seis meses.

Operação da PF e investigações acumuladas

Outro ponto destacado por Glauber Braga foi a operação da Polícia Federal contra Mariângela Fialek. A ex-assessora de Arthur Lira é apontada em relatórios investigativos como elo entre parlamentares e possíveis beneficiários de verbas oriundas de emendas parlamentares que teriam sido desviadas. Embora o caso ainda esteja em fase de apuração, fontes ligadas à investigação confirmam que a operação não surgiu de forma isolada, mas resulta de um conjunto de diligências acumuladas ao longo dos últimos anos.

Hugo Motta e Arthur Lira
Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (REPUBLICANOS - PB) e Dep. Arthur Lira (PP - AL). Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

Durante a entrevista, Glauber enfatizou que não se trata de uma ação baseada unicamente em depoimentos anteriores:

Ela vinha sendo monitorada judicialmente, o que levou a outras informações. É um somatório que levou à operação”, pontuou.

A PF, conforme procedimento padrão, não comenta investigações em curso. No entanto, documentos públicos divulgados em fases anteriores da operação corroboram a informação de que há monitoramento e cruzamento de dados envolvendo empresas, agentes políticos e servidores.

Para contextualizar o leitor, o orçamento secreto ficou conhecido pela distribuição de verbas públicas sem identificação dos parlamentares responsáveis pela indicação dos recursos. Em 2022, o Supremo Tribunal Federal considerou o modelo inconstitucional, mas partes da estrutura de repasse permaneceram sob questionamento.

Acusações de responsabilidade política

Ao longo da entrevista, Glauber Braga reforçou sua visão de que Arthur Lira teria papel central na articulação das emendas do orçamento secreto. Embora utilize termos contundentes em sua avaliação política, o parlamentar afirma que espera que as investigações avancem para identificar responsabilidades objetivas.

A minha expectativa é que o desenrolar dessa história responsabilize o chefe, o orientador, o mentor, o articulador da senhora que foi alvo da operação. Todo mundo sabe que é o Arthur Lira”, destacou.

A assessoria de Arthur Lira, procurada pela imprensa em outras ocasiões para comentar declarações semelhantes, costuma negar a existência de irregularidades e reforçar que todas as emendas foram executadas conforme legislação vigente e processos internos da Câmara. Até o momento, não há decisão judicial que incrimine diretamente o deputado.

Divergências políticas e impacto no Congresso

A relação entre Glauber Braga e Arthur Lira tem sido marcada por embates públicos nos últimos anos. O deputado do PSol, integrante da ala mais crítica à atual estrutura de distribuição de verbas, costuma contestar decisões da Mesa Diretora e denunciar o que considera “mecanismos antidemocráticos de gestão”.

Especialistas em ciência política afirmam que conflitos dessa natureza são recorrentes em Legislativos multipartidários e podem atingir maior intensidade em períodos de disputas internas por comando da Casa. A suspensão do mandato de Glauber ocorre, inclusive, em um momento em que blocos partidários discutem alianças para a próxima eleição da Mesa Diretora.

Repercussões entre partidos e analistas

Lideranças do PSol manifestaram solidariedade ao deputado e afirmaram que acompanharão o caso no Conselho de Ética. Já parlamentares do PP e aliados de Lira defendem que o processo deve seguir seu curso normal, reforçando que a punição aprovada reflete regras regimentais.

Analistas consultados por veículos especializados em política nacional destacam que a investigação envolvendo uma ex-assessora de Arthur Lira tende a ampliar o escrutínio sobre o uso de emendas parlamentares, tema que já tem sido discutido no Congresso e no Supremo Tribunal Federal. A operação, segundo esses especialistas, pode gerar novos capítulos tanto no campo judicial quanto no político.

As declarações de Glauber Braga reacendem o debate sobre o orçamento secreto e sobre a responsabilidade política na condução das emendas parlamentares. Embora suas acusações sejam firmes, as investigações ainda estão em andamento e não há conclusões definitivas sobre o envolvimento de Arthur Lira.

Enquanto o caso evolui, o Congresso segue dividido entre defensores da transparência total na execução das emendas e parlamentares que consideram que o modelo atual precisa ser ajustado, mas não necessariamente desmontado.

A suspensão do mandato de Glauber Braga e as recentes ações da Polícia Federal tendem a manter o tema em evidência, influenciando o cenário político nos próximos meses.

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