Levantamento do Sebrae e MDS revela aumento no número de MEIs entre inscritos no Cadastro Único.
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Parceria entre Sebrae e MDS fortalece a autonomia financeira de famílias em vulnerabilidade. Foto: Roberta Aline / MDS |
Um levantamento divulgado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), revelou um dado positivo sobre o perfil empreendedor de famílias em situação de vulnerabilidade social.
De acordo com o estudo, 55% dos microempreendedores individuais (MEIs) que estão inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) — cerca de 2,5 milhões de pessoas — decidiram empreender após a inscrição na plataforma. Os resultados foram apresentados nesta terça-feira (21) durante audiência com o ministro Wellington Dias e o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima.
Empreender sem perder o Bolsa Família
O ministro Wellington Dias destacou que o levantamento ajuda a combater a desinformação sobre a relação entre empreendedorismo e o programa Bolsa Família.
“Esse estudo mostra a verdade. Primeiro, a mudança do novo Bolsa Família neste governo do presidente Lula. Segundo, desmente a questão sobre abrir um CNPJ e perder o Bolsa Família. São 4,6 milhões de pessoas do Cadastro Único que já se formalizaram, viraram empreendedores e continuam no cadastro”, afirmou o ministro.
Atualmente, a Regra de Proteção do Bolsa Família garante uma transição segura para as famílias que aumentam sua renda ao começar um pequeno negócio. Mesmo que ultrapassem o limite de renda para ingresso no programa, elas continuam recebendo o benefício por um período determinado, o que reduz o risco de retrocesso financeiro e incentiva a formalização.
Crescimento e resultados
O levantamento do Sebrae e do MDS mostra que, entre 95,3 milhões de pessoas inscritas no CadÚnico, 4,6 milhões são microempreendedores individuais (MEIs).
Mais de um terço desse público — 34,1% — já foi atendido pelo Sebrae pelo menos uma vez entre janeiro de 2020 e julho de 2025. Os dados apontam que esse acompanhamento faz diferença: 78,9% dos MEIs atendidos mantêm suas empresas ativas, contra 61,5% entre os que não receberam suporte.
Segundo o presidente do Sebrae, Décio Lima, a integração entre as duas instituições é essencial para garantir oportunidades reais de geração de renda e sustentabilidade econômica.
“Ainda temos muito para crescer com essa parceria. Enquanto o MDS identifica e acompanha famílias vulneráveis, o Sebrae oferece apoio técnico e estratégico. Essa união transforma oportunidades em resultados concretos e sustentáveis”, afirmou Lima.
Setores e distribuição dos empreendedores do CadÚnico
A pesquisa indica que o setor de serviços é o principal destino dos empreendedores do CadÚnico, concentrando 53,1% dos registros. Em seguida aparecem o Comércio (26,5%), a Indústria (10,1%), a Construção (9,7%) e a Agropecuária (0,5%).
O estudo também mostra que 41,7% dos MEIs inscritos no CadÚnico ainda recebem recursos do Programa Bolsa Família, enquanto 6,4% são beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Os estados com maior proporção de empreendedores formalizados dentro do CadÚnico são Amazonas (56,3%), Acre (54,8%) e Piauí (54,6%), todos com forte presença de famílias em vulnerabilidade que encontraram no empreendedorismo uma alternativa de renda estável.
Parceria estratégica entre Sebrae e MDS
A expansão desse público empreendedor é resultado direto do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado em 2023 entre o Sebrae e o MDS.
O objetivo da parceria é promover a inclusão produtiva e melhorar a renda de famílias de baixa renda, por meio da integração de dados e estratégias conjuntas. O acordo prevê o compartilhamento de informações do CadÚnico e do Programa Bolsa Família, permitindo o desenvolvimento de estudos e políticas públicas voltadas aos pequenos negócios.
Com essa atuação articulada, o Sebrae consegue direcionar seus programas de capacitação e consultoria para quem mais precisa, ajudando a transformar o potencial empreendedor em fonte real de autonomia econômica.
Impactos sociais e econômicos
O fortalecimento dos empreendedores do CadÚnico tem impacto direto nas economias locais e na redução da dependência de programas sociais. De acordo com especialistas em políticas públicas, o empreendedorismo pode ser uma ferramenta eficaz para romper ciclos de pobreza e gerar empregos informais que evoluem para negócios sustentáveis.
Por outro lado, economistas destacam a importância de garantir acompanhamento contínuo e acesso a crédito e capacitação, para evitar que pequenos empreendimentos fechem em seus primeiros anos de operação — um dos principais desafios enfrentados por microempreendedores no país.
Os resultados do levantamento do Sebrae e do MDS reforçam o papel do CadÚnico como instrumento de inclusão produtiva. O crescimento do número de empreendedores do CadÚnico mostra que políticas públicas bem coordenadas podem transformar benefícios sociais em oportunidades de geração de renda.
Com a integração entre assistência social e empreendedorismo, o governo busca construir caminhos sustentáveis para que famílias vulneráveis conquistem maior independência econômica, fortalecendo a base da economia nacional e promovendo desenvolvimento social.
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