Indústria nacional avança com produção de elétricos da GM

Produção do Chevrolet Spark EUV marca nova etapa da eletrificação automotiva no Brasil.

Lula destacou que o Brasil já tem 53% de energia renovável, enquanto países desenvolvidos querem chegar a 40% em 2050. Foto: Ricardo Stuckert/Secom-PR

A indústria automotiva brasileira iniciou, nesta quarta-feira (3), uma nova etapa com o início da produção de carros elétricos da General Motors (GM) no Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da cerimônia no Polo Automotivo do Ceará, em Horizonte, onde o primeiro modelo a sair da linha será o Chevrolet Spark EUV, lançado no país neste ano. O evento reuniu representantes do governo federal, executivos da montadora e autoridades estaduais.

Com a inauguração, o Brasil passa a integrar a lista de países que produzem veículos elétricos de forma consolidada, um movimento que acompanha a tendência global de eletrificação da frota. A chegada da nova linha de produção é vista como um marco para o setor automotivo nacional.

Mercado interno e industrialização: foco no consumo nacional

Durante o evento, Lula afirmou que o Brasil possui “um mercado interno muito grande” e destacou a importância de fortalecer a indústria nacional a partir do consumo interno. Segundo o presidente, o propósito da produção é atender prioritariamente o povo brasileiro.

“O que nós precisamos é produzir carro para vender para o povo brasileiro, e o excesso a gente exporta. Mas primeiro nós temos que garantir que o brasileiro tenha o direito de andar num carro bonito”, declarou.

O presidente ainda defendeu que a industrialização é essencial para aumentar o acesso da população a produtos que o próprio país produz. Para Lula, iniciativas como esta reforçam a autonomia do setor produtivo brasileiro e ampliam oportunidades de emprego e renda.

Energia renovável e competitividade na produção de carros elétricos

Ao relacionar o avanço da produção de carros elétricos com a transição energética, Lula destacou que o Brasil já possui mais de 53% de sua matriz baseada em fontes renováveis. O índice é superior ao de países desenvolvidos, muitos dos quais projetam alcançar 40% apenas em 2050.

“É por isso que é importante o carro elétrico. É por isso que é importante a decisão da GM vir para cá, para mostrar que este país não deve nada a ninguém”, afirmou.

A visão do governo é que o desenvolvimento de tecnologias limpas deve caminhar junto com o crescimento industrial, reforçando a imagem do Brasil como potência ambiental e produtiva.

Indicadores econômicos positivos associados a políticas industriais

Lula mencionou no discurso que os incentivos à industrialização têm sido acompanhados de resultados positivos na economia. Dados recentes do governo indicam avanços em setores como emprego, renda e inflação.

Entre os indicadores citados pelo presidente estão:

1. menor inflação acumulada em quatro anos;

2. crescimento real do salário mínimo;

3. aumento da massa salarial;

4. menor taxa de desemprego da série histórica;

5. redução do nível de pobreza.

Para Lula, esses resultados são consequência direta da circulação de renda e do estímulo ao consumo. “O dinheiro está chegando na mão do povo”, destacou.

Alckmin: produção de carros elétricos reforça indústria nacional

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou que o início da produção do Spark EUV representa um avanço concreto para a indústria automotiva nacional. Segundo ele, esta é a terceira fábrica reaberta durante o atual governo.

Alckmin lembrou o contexto em que encontrou o setor automotivo: crise, fechamento de unidades e elevada ociosidade. A retomada, segundo o vice-presidente, ocorre por meio de políticas de estímulo, como:

1. carro patrocinado, que incentivou vendas e registrou 29 mil veículos vendidos em um único dia;

2. Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial lançada para modernizar o parque fabril brasileiro;

3. programa Mover, que incentiva eficiência energética e mobilidade sustentável.

Expansão: Captiva EV será produzido a partir de 2026

A GM anunciou durante a cerimônia que outro modelo de carro elétrico, o Chevrolet Captiva EV, também será produzido na planta cearense a partir de 2026. A decisão foi comunicada no ano em que a montadora completa 100 anos no Brasil.

Santiago Chamorro, presidente da GM América do Sul, afirmou que o país reúne condições estratégicas para se tornar referência na eletrificação veicular:

“O Brasil tem capacidade, escala e talento para avançar na eletrificação, desde que os movimentos sejam responsáveis e alinhados ao estágio do mercado.”

Chamorro considerou o início da produção do Spark EUV e do Captiva EV um “passo coerente” com a visão de longo prazo da empresa.

Programa Mover e incentivos para carros elétricos

O Governo Federal tem buscado estimular a mobilidade sustentável por meio do Programa de Mobilidade Verde e Inovação (Mover). Entre os principais pontos da iniciativa estão:

• expansão dos investimentos em eficiência energética;

• exigência de índices mínimos de reciclagem na produção de veículos;

• criação do IPI Verde, que reduz impostos para veículos que emitem menos poluentes;

• incentivo à descarbonização da frota;

• estímulo a veículos mais modernos e acessíveis.

O programa prevê R$ 19,5 bilhões para pesquisas, inovação e incentivos estruturais voltados às montadoras instaladas no país.

Investimentos do setor automotivo ultrapassam R$ 130 bilhões

De acordo com dados oficiais do governo, o setor automotivo brasileiro já anunciou mais de R$ 130 bilhões em investimentos em 2024. O montante inclui expansões industriais, modernizações tecnológicas e avanços na eletrificação da frota.

Os investimentos também refletem a confiança das montadoras na economia nacional e na política industrial voltada à inovação e sustentabilidade.

Marco para a indústria e para a mobilidade sustentável

O início da produção do Chevrolet Spark EUV no Ceará representa um marco para a indústria automotiva brasileira e para a estratégia de eletrificação do país. A união entre políticas públicas, investimentos privados e o potencial energético renovável coloca o Brasil em posição competitiva no setor de carros elétricos.

Com novas fábricas, incentivos e expansão tecnológica, o país caminha para consolidar uma indústria mais moderna, sustentável e integrada ao mercado global.