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Ciro Gomes assina ficha no PSDB e mobiliza oposição no Ceará

Ciro Gomes filia-se ao PSDB nesta quarta em Fortaleza, defende união da oposição no Ceará para 2026 e critica o PT, Lula, Elmano e Camilo.

Ciro Gomes
No evento de filiação ao PSDB, Ciro Gomes destaca união da oposição e aponta antigo traço político em 2022. Foto: Jarbas Oliveira/Divulgação

Nesta quarta-feira (22 de outubro de 2025), o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes assinou sua ficha de filiação ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em evento realizado em Fortaleza. O ato, que reuniu militantes e lideranças políticas da oposição no Estado, marca o retorno de Ciro ao partido que o elegeu governador em 1990.

Contexto e motivações

Ciro Gomes foi governador do Ceará entre 1991 e 1994 pelo PSDB, sendo o primeiro governador da legenda no Brasil. Após passar por outros partidos ao longo das últimas décadas, ele anunciou sua saída do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e optou pelo PSDB como “ninho” para sua nova fase política. 
No discurso de filiação, Ciro Gomes enfatizou que sua prioridade será o Estado do Ceará, ainda que não tenha confirmado formalmente uma candidatura ao governo estadual em 2026.  Ele afirmou carregar “mágoas” das eleições de 2022, disse ter sido “traído” e prometeu “resgatar” o Ceará. 

O evento e alianças da oposição

No ato de filiação, Ciro esteve ao lado de Tasso Jereissati, ex-senador e principal liderança do PSDB no Ceará, que anunciou que Ciro deverá assumir a presidência estadual do PSDB.  Também compareceram à cerimônia políticos da oposição como o deputado federal André Fernandes (PL) e o ex-deputado federal Capitão Wagner (União Brasil), ambos antigos adversários de Ciro Gomes no cenário estadual. 
André Fernandes declarou que “as convergências com Ciro Gomes são maiores que as divergências” e que haverá a tentativa de formar “uma chapa única da oposição no estado do Ceará”.  Tasso Jereissati, por sua vez, afirmou que o PSDB quer “dialogar com todos” e que o papel de Ciro será duplo: nacional e estadual. 

Críticas e posicionamentos de Ciro Gomes

Durante o discurso de filiação, Ciro Gomes fez críticas severas à gestão federal liderada pelo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao governador do Ceará Elmano de Freitas (PT) e ao ministro da Educação Camilo Santana (PT).  Ele falou em “roubalheira generalizada” no governo federal, citou o aumento da informalidade no mercado de trabalho e chamou a eventual candidatura de Lula em 2026 de “irresponsabilidade”. 
Referindo-se a Camilo Santana, disse: “Vou tirar sua máscara, Camilo Santana”, classificando-o como alguém que pretende “ser dono do Ceará”.  Em relação ao governador Elmano de Freitas, Ciro o chamou indiretamente de “pau-mandado e frouxo”. 

Candidatura e cenário eleitoral no Ceará

Embora Ciro Gomes não tenha confirmado oficialmente que será candidato ao governo do Ceará em 2026, aliados e observadores já apontam essa possibilidade como bastante provável. O ciclo de governos do PT no Ceará, iniciado em 2015 com Camilo Santana, representa uma das motivações centrais de sua movimentação política. 
Por outro lado, lideranças do governo atual minimizam o impacto da entrada de Ciro Gomes no tabuleiro eleitoral, afirmando que a base petista e suas alianças continuam fortes no Estado.

O papel do PSDB e o “novo ciclo”

Para o PSDB estadual e nacional, a filiação de Ciro representa uma tentativa de revitalização de uma legenda que perdeu força ao longo dos últimos anos. Conforme levantamento divulgado pelo site Poder360, o PSDB tinha cerca de 3.330 políticos com mandatos em 2025, queda de aproximadamente 66% em comparação ao auge. Tasso Jereissati afirmou que Ciro terá uma missão no plano nacional, “ajudar a reconstruir um partido que, mais do que nunca, é necessário ao Brasil”. No âmbito estadual, a meta declarada é reavivar “a cultura de alegria e orgulho de ser cearense”. 

Avaliação de especialistas e reações

Analistas políticos observam que a movimentação de Ciro Gomes pode mexer significativamente com as eleições de 2026 no Ceará, tanto pelo seu peso histórico quanto pelas articulações de oposição que se formam. Contudo, apontam que ele ainda enfrenta desafios para reverter o domínio eleitoral do PT no Estado e para formar unidade plena entre diferentes correntes de oposição que requerem conciliação.
A base petista e o governo de Elmano de Freitas reagem com cautela, afirmando que este ainda é um movimento inicial e que alianças estão em construção.

A filiação de Ciro Gomes ao PSDB em 22 de outubro de 2025 marca um novo capítulo na política do Ceará. Com discurso focado no Estado e no resgate político, ele aposta em articulação ampla da oposição com vista ao pleito de 2026. Ao mesmo tempo, suas críticas contundentes ao PT, a Lula, a Elmano de Freitas e a Camilo Santana evidenciam a mudança de tom estratégica. Cabe observar como se desenrolarão as alianças, candidaturas e respostas governamentais nos próximos meses.

Em resumo: Ciro Gomes retorna ao PSDB, coloca o Ceará no centro de sua estratégia, convoca a oposição e abre disputa política mais intensa para 2026 — com cenários ainda em construção.

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