Ponte entre Areias e Imbiribeira chega a 83% de obras

Ponte Júlia Santiago deve melhorar mobilidade entre Areias e Imbiribeira e reduzir tempo de deslocamento.

Ponte Júlia Santiago deve melhorar mobilidade entre Areias e Imbiribeira e reduzir tempo de deslocamento. Foto: Hélia Scheppa / PCR

As obras da Ponte Júlia Santiago, que ligará os bairros de Areias e Imbiribeira, cruzando o Rio Tejipió, atingiram 83% de execução e entraram em uma das fases mais importantes: a concretagem do tabuleiro. O serviço foi iniciado nesta sexta-feira (3) e marca um avanço decisivo na construção da estrutura, considerada a maior realizada no Recife nos últimos 40 anos. O prefeito João Campos acompanhou o início dos trabalhos pela manhã.

“Há exatos 60 dias começamos a botar as vigas aqui na ponte. Já colocamos todas e agora iniciamos a concretagem do tabuleiro. Só hoje, teremos um volume grande de concreto trazido por 25 caminhões”, destacou o prefeito. “Mais de 83% da obra já está concluída. Vamos fazer uma conexão sonhada há muitos anos, entre a Avenida Recife e a Mascarenhas de Moraes”, completou.

Estrutura moderna e investimento histórico

Com investimento total de R$ 106 milhões, financiado em parte pela Caixa Econômica Federal e com contrapartida da Prefeitura do Recife, a Ponte Júlia Santiago vai transformar a mobilidade urbana da região. O projeto, executado pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB), inclui também a requalificação das avenidas Tapajós e Engenheiro Alves de Souza, principais acessos à ponte.

A estrutura terá 20,4 metros de largura, quatro faixas de rolamento, duas faixas exclusivas para pedestres e uma ciclofaixa, reforçando o compromisso da cidade com a mobilidade sustentável. A conclusão está prevista para 2026.

O que é a concretagem e por que é importante

A concretagem consiste no preenchimento das formas estruturais com concreto, criando a base sólida da ponte. Nesta primeira etapa, foram concretados 40 metros de extensão, utilizando 183 m³ de concreto. Após o processo, o material passa por um período de secagem e cura, fundamental para garantir a resistência da estrutura.

Esse estágio marca a consolidação do tabuleiro, por onde circularão veículos, pedestres e ciclistas, e simboliza a transição para as etapas finais da obra.

Projeto de R$ 106 milhões é o maior investimento viário do Recife nas últimas décadas. Foto: Hélia Scheppa / PCR

Transformação na mobilidade e impacto social

A ponte vai ligar as avenidas Recife e Mascarenhas de Moraes, reduzindo em até 40% o tempo de deslocamento entre as zonas Sul e Oeste da capital pernambucana. O impacto será sentido não apenas no trânsito, mas também na qualidade de vida dos moradores.

Morador da região e trabalhador da obra, Adson Rafael da Costa, de 40 anos, celebrou o avanço.

“Vai melhorar em 1000%. Pra quem mora aqui, vai ser muito bom. O trânsito vai fluir melhor e tudo vai ficar mais perto”, afirmou.

Obras no entorno também avançam

Além da ponte, as avenidas Tapajós e Engenheiro Alves de Souza estão sendo ampliadas e modernizadas. Os trechos terão duas faixas por sentido, novo paisagismo, calçadas acessíveis e iluminação pública requalificada. Também estão previstas 13 novas paradas de ônibus, ciclofaixa bidirecional e o plantio de 350 árvores, reforçando o caráter ambiental do projeto.

Nos trechos já finalizados, foram executadas obras de pavimentação, drenagem, calçadas e telecomunicações, com frentes de trabalho atuando em diferentes pontos simultaneamente.

Etapas já concluídas e próximos passos

De acordo com a URB, já foram concluídas as fundações, com cravação de estacas, e a instalação das 56 vigas principais que sustentam a ponte. Também foi finalizada a laje de um dos tabuleiros, enquanto segue em andamento a instalação das pré-lajes e a protensão das vigas transversinas.

Entre os próximos passos estão:

1. Continuidade da concretagem dos tabuleiros restantes;

2. Finalização das vias de acesso;

3. Instalação da iluminação e sinalização viária;

4. Paisagismo e acabamento urbano.

Essas etapas serão executadas até o primeiro semestre de 2026, quando está prevista a entrega da obra à população.

Homenagem à primeira vereadora do Recife

A nova ponte presta homenagem a Júlia Santiago, a primeira mulher eleita vereadora do Recife, em 1947. Nascida em São Lourenço da Mata, destacou-se como líder sindical e defensora dos direitos dos trabalhadores, além de ser uma das vozes femininas de resistência durante a Ditadura Militar.

A escolha do nome reforça o simbolismo da obra: uma conexão entre o passado de luta e o futuro de desenvolvimento urbano.

Equilíbrio e relevância urbana

Especialistas em mobilidade urbana avaliam positivamente o impacto da obra. Para o engenheiro civil Carlos Henrique Moura, a ponte “deve aliviar significativamente os congestionamentos da Avenida Recife e melhorar o fluxo entre as zonas Sul e Oeste”. Já o urbanista Marcos Tavares pondera que o benefício dependerá também de “ações complementares de transporte público e requalificação das vias adjacentes”.

A Prefeitura do Recife afirma que acompanha de perto as etapas da execução e mantém monitoramento técnico e ambiental contínuo no canteiro.

Com 83% das obras executadas, a Ponte Júlia Santiago entra na reta final de um projeto que promete transformar a mobilidade urbana, valorizar o entorno e homenagear uma figura histórica do Recife.
A previsão é que, em 2026, a cidade ganhe uma nova ligação entre Areias e Imbiribeira, aliviando o tráfego e fortalecendo a integração entre regiões estratégicas da capital pernambucana.