Ex-presidente Jair Bolsonaro tentou romper a tornozeleira eletrônica para garantir fuga, segundo decisão, e foi preso preventivamente nesta sábado (22).
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| Prisão preventiva de Bolsonaro se baseia em violação de tornozeleira. Foto: Reprodução |
Nesta sábado (22), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve decretada sua prisão preventiva por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No documento, consta que Bolsonaro tentou romper a sua tornozeleira eletrônica por volta da meia-noite, com o objetivo — segundo o texto judicial — de “garantir êxito em sua fuga”.
Contexto e fundamentos da decisão
A prisão preventiva foi autorizada após requerimento da Polícia Federal (PF), em razão de indícios de risco à ordem pública e de fuga do ex-mandatário. O ministro Moraes citou, entre os fatores, a convocação de uma vigília nas proximidades da residência do ex-presidente — no condomínio do Jardim Botânico, em Brasília — por apoiadores, o que, segundo o despacho, “poderia gerar grave dano à ordem pública” e “ambiente propício para a fuga do réu”.
Na decisão, o rompimento da tornozeleira é apresentado como evidência adicional do risco de evasão: “a informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga”, diz o texto. Além disso, o ministro apontou que o ex-presidente já cumpre medidas cautelares, como monitoramento eletrônico e recolhimento domiciliar, e que a proximidade da execução da pena (27 anos e 3 meses) agrava o contexto de risco.
Medidas específicas e cumprimento
Moraes determinou que a prisão fosse cumprida sem algemas e sem exposição indevida do ex-presidente, garantindo “respeito à dignidade do ex-Presidente da República”. O texto da decisão também prevê que as visitas sejam previamente autorizadas, com exceção da defesa técnica e equipe médica.
O ex-presidente foi levado da sua residência para a superintendência da PF em Brasília por volta das 06h35, segundo a própria PF.
Repercussão política e institucional
A prisão preventiva de Bolsonaro ocorre em meio a forte polarização política. Aliados já classificaram a medida como uma “interferência política” enquanto adversários veem-na como um passo inevitável diante de evidências de tentativa de fuga. O episódio também mobiliza debates sobre a autonomia do Judiciário, o equilíbrio entre garantia de direitos individuais e preservação da ordem pública, além da adequada aplicação de medidas cautelares em casos de alta relevância institucional.
Por que a tornozeleira eletrônica ganhou protagonismo
A tornozeleira eletrônica era uma das cautelares impostas a Bolsonaro — anteriormente — para monitorar seus deslocamentos, dado o risco associado à sua situação processual. Com o romper do dispositivo, segundo os autos, haveria uma ruptura desse controle e aumento do risco de evasão. O fato de o rompimento ter ocorrido em horário noturno reforça a avaliação de que o réu buscava “garantir êxito em sua fuga”.
Dados factuais relevantes
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A condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão foi fixada em setembro de 2025 pela 1ª Turma do STF.
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A vigília convocada nas proximidades da residência do ex-presidente foi citada como um dos elementos que motivaram o pedido de prisão preventiva.
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A tentativa de violar a tornozeleira foi informada como ocorrida “às 0h08min” do dia 22/11/2025, conforme a decisão.
A prisão preventiva de Jair Bolsonaro e as circunstâncias que a motivaram — em especial a tentativa de rompimento da tornozeleira eletrônica — marcam uma fase crítica do processo. De um lado, a decisão judicial busca garantir que o réu não se furte à aplicação da lei; de outro, suscita questionamentos sobre os limites do poder cautelar e a preservação de direitos fundamentais. O cenário seguirá evoluindo conforme os desdobramentos dos recursos e da execução da pena.

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