Estado reúne iniciativas em energia, hidrogênio verde, bioeconomia e data centers na Chamada Nordeste da NIB.
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| Os projetos selecionados pela Chamada Nordeste foram anunciados em Teresina (PI); das propostas selecionadas, 74% são de micro, pequenas e médias empresas. Foto: Jonathan Dourado/BNDES |
A Chamada Nordeste da Nova Indústria Brasil (NIB) selecionou 34 projetos de Pernambuco, que juntos somam R$ 7,3 bilhões em investimentos potenciais, segundo dados divulgados por representantes do Consórcio Nordeste, da Sudene e das instituições financeiras participantes. As iniciativas pernambucanas se concentram em áreas estratégicas, como transição energética, hidrogênio verde, bioeconomia, data centers verdes e indústria automotiva, setores considerados fundamentais na nova fase de modernização industrial do país.
Contexto regional e alcance da Chamada Nordeste
A chamada pública foi lançada em maio com um orçamento inicial de R$ 10 bilhões em crédito. No entanto, o volume de propostas superou todas as expectativas: foram recebidas 245 propostas, somando R$ 127 bilhões. Desse total, 189 projetos foram selecionados, representando R$ 113 bilhões em investimentos previstos — quase 11 vezes mais que o planejado inicialmente.
A Chamada Nordeste é fruto de uma ação inédita que reúne cinco instituições financeiras federais — BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste e Finep — com apoio da Sudene e do Consórcio Nordeste. É a primeira vez que esses órgãos atuam de maneira integrada em um edital específico para a indústria da região, oferecendo crédito, subvenção econômica e outros instrumentos de suporte.
De acordo com o governo federal, a iniciativa visa impulsionar a transformação industrial do Nordeste, estimulando cadeias produtivas relacionadas à inovação, à sustentabilidade e ao fortalecimento das economias locais.
Pernambuco entre os destaques da chamada pública
A seleção de 34 projetos pernambucanos, avaliados entre centenas de propostas, reforça o papel estratégico do estado em setores industriais de alto impacto. Os investimentos previstos abrangem desde plantas-piloto de energia renovável até iniciativas voltadas ao desenvolvimento de novas tecnologias produtivas.
Segundo os dados oficiais, Pernambuco tem avançado em áreas como hidrogênio verde, considerado um dos pilares para a transição energética global, além de iniciativas focadas em bioeconomia, armazenamento energético e data centers alinhados a padrões verdes. Essa diversificação está em sintonia com tendências internacionais de descarbonização e digitalização das indústrias.
Além disso, a presença do setor automotivo e de máquinas agrícolas entre os projetos reforça a relevância do estado no cenário industrial regional.
Participação decisiva das pequenas e médias empresas
Um dos pontos mais destacados pelos organizadores é a forte presença das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que representam 74% das propostas selecionadas em toda a Chamada Nordeste. Isso demonstra, segundo especialistas, que a nova política industrial tem alcançado negócios que historicamente enfrentam barreiras para acessar instrumentos de financiamento e inovação.
Entre os projetos pernambucanos, esse perfil também é predominante, com iniciativas que envolvem parcerias com universidades, centros de pesquisa e instituições de ciência e tecnologia — o que contribui para ampliar o impacto do desenvolvimento local.
Declarações das autoridades e instituições envolvidas
O governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Rafael Fonteles, enfatizou que o volume de investimentos aprovados — R$ 113 bilhões — é o maior já registrado para a industrialização da região. Segundo ele, o resultado demonstra que, quando há disponibilidade de crédito, as empresas nordestinas respondem positivamente.
Já o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, classificou a chamada como um marco para o desenvolvimento regional. Ele ressaltou que os recursos destinados ao Nordeste aumentaram em 32% e que a iniciativa representa uma mudança significativa nas prioridades de financiamento público.
Para o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre, a articulação institucional foi decisiva para o sucesso da chamada. Ele destacou a reativação do CORIFF, que permitiu integrar os principais atores financeiros federais em torno de uma estratégia unificada para o Nordeste.
Distribuição dos projetos por áreas estratégicas
As 189 propostas selecionadas estão distribuídas entre os nove estados da região e se concentram em cinco eixos estratégicos da NIB:
Transição energética com foco em armazenamento — 59 projetos
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Bioeconomia com foco em fármacos — 39 projetos
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Hidrogênio verde — 44 projetos
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Data centers verdes — 40 projetos
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Indústria automotiva e máquinas agrícolas — 37 projetos
Em Pernambuco, iniciativas nesses cinco eixos foram contempladas, reforçando a capacidade do estado de atuar em múltiplas frentes industriais emergentes.
Próximas etapas: Planos de Suporte Conjunto
O próximo passo será a elaboração dos Planos de Suporte Conjunto (PSC), que servirão como guias individualizados para cada empresa selecionada. Os PSC indicam as linhas de crédito mais adequadas, recursos não reembolsáveis disponíveis e modalidades de apoio técnico.
A previsão é que os planos sejam concluídos ainda em dezembro, antes do prazo inicial. Após receberem o PSC, as empresas devem encaminhar seus projetos para análise técnica, financeira e jurídica, seguindo o fluxo padrão das instituições financeiras.
A participação de Pernambuco na Chamada Nordeste da Nova Indústria Brasil marca um passo importante para a modernização industrial do estado e reforça sua capacidade de atrair investimentos estratégicos em setores de alto valor tecnológico. Com 34 projetos selecionados e R$ 7,3 bilhões em investimentos potenciais, o estado se consolida como um dos protagonistas na nova agenda de reindustrialização sustentável do Nordeste.
Os próximos meses serão decisivos para a contratação dos projetos e para o início dos investimentos, que têm potencial de gerar inovação, empregos qualificados e desenvolvimento econômico de longo prazo.
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