O ex-presidente do INPE e atual chefe do CNPq pode levar credibilidade e técnica à Câmara dos Deputados.
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A presença do físico na Câmara representa avanço para a ciência, a Rede Sustentabilidade e o país. Foto: Divulgação |
Por: Sanchilis Oliveira.
A eventual chegada de Ricardo Galvão à Câmara dos Deputados é um sopro de lucidez em um ambiente político frequentemente marcado por negacionismo, desinformação e superficialidade. Em tempos em que a ciência ainda luta por espaço no debate público e por orçamento digno, ver um nome como o de Galvão despontar no Legislativo é, por si só, um símbolo de esperança.
Um cientista na política: o valor da competência técnica
Ricardo Galvão é mais do que um cientista. É um homem que colocou a verdade científica acima da conveniência política, mesmo quando isso lhe custou o cargo de diretor do INPE, em 2019, após defender os dados de desmatamento da Amazônia que contrariavam o governo da época.
Sua trajetória à frente do CNPq, desde 2023, reforça o compromisso com o fortalecimento da pesquisa, o incentivo à inovação e a valorização dos pesquisadores brasileiros — especialmente os jovens, frequentemente esquecidos pelas políticas públicas.
Levar esse perfil técnico e ético para dentro do Congresso Nacional seria um avanço inestimável para o país. A política precisa de mais mentes que saibam traduzir evidências em políticas públicas e que tratem a ciência como parte da solução, não como obstáculo ideológico.
A coragem de defender a ciência durante a pandemia
Durante o governo de Jair Bolsonaro, Ricardo Galvão se destacou por defender abertamente a ciência e o trabalho dos pesquisadores brasileiros, inclusive durante o avanço da pandemia de Covid-19.
Em meio a um cenário de ataques às instituições científicas e de disseminação de desinformação, Galvão se posicionou publicamente em favor da vacinação, do respeito aos dados técnicos e da autonomia dos órgãos de pesquisa.
Por essa postura firme, foi demitido do cargo de diretor do INPE e posteriormente alvo de perseguição política, tornando-se símbolo de resistência da comunidade científica frente à hostilidade do negacionismo.
Seu exemplo mostrou que defender a verdade pode ter custo, mas também que a coerência ética é o maior legado de quem acredita na ciência como instrumento de transformação social.
A Rede Sustentabilidade ganha densidade
Para a Rede Sustentabilidade, partido que tem em sua origem a defesa do meio ambiente, da ética pública e da responsabilidade social, a presença de Galvão seria um reforço de peso.
O partido, que nasceu sob a inspiração de Marina Silva, sempre defendeu o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental. A entrada de um cientista reconhecido internacionalmente ampliaria a credibilidade da legenda e traria conteúdo técnico a pautas que muitas vezes são esvaziadas pelo discurso político tradicional.
Galvão encarna a intersecção entre sustentabilidade e conhecimento científico, dois pilares indispensáveis para a formulação de políticas públicas responsáveis e de longo prazo.
O Congresso precisa de mais razão e menos retórica
O Congresso Nacional carece de vozes que representem a racionalidade e a defesa do interesse público acima das disputas partidárias. Em um cenário em que pautas técnicas são frequentemente sequestradas por discursos ideológicos, a figura de Ricardo Galvão representa equilíbrio e discernimento.
Não se trata apenas de um nome. Trata-se de uma mudança de paradigma: a ideia de que a política pode, e deve, dialogar com o conhecimento. Um Congresso com mais cientistas, professores e pesquisadores é um Congresso mais preparado para enfrentar desafios estruturais como a crise climática, a desigualdade educacional e a revolução tecnológica.
A vitória simbólica do povo e da ciência
A possível ida de Galvão à Câmara seria também uma vitória simbólica para o povo brasileiro. Afinal, é o cidadão comum quem mais se beneficia de políticas baseadas em evidências — sejam elas vacinas, proteção ambiental ou investimentos em inovação.
Em um país historicamente marcado pela subvalorização da ciência, ver um pesquisador de renome ocupar espaço de poder significa reconhecer o valor do conhecimento como instrumento de transformação social. É um recado direto àqueles que tentaram desmoralizar a comunidade científica: a verdade prevalece.
Mais do que política, um ato de coerência
Se optar por assumir o mandato parlamentar, Ricardo Galvão não estará apenas mudando de função. Estará reafirmando uma missão de vida: colocar a ciência a serviço do bem comum.
Levar a voz da razão, da técnica e da ética para o Congresso não é um gesto de ambição pessoal, mas de compromisso com o país. Num momento em que a sociedade clama por lideranças confiáveis, a presença de Galvão no Legislativo reforçaria a ideia de que a política pode ser um espaço de excelência e de reconstrução nacional.
Ricardo Galvão representa o melhor da síntese entre ciência, ética e serviço público. Sua possível chegada ao Congresso é uma vitória tripla: da Rede Sustentabilidade, que ganha densidade política; da ciência brasileira, que ganha voz; e do povo brasileiro, que ganha esperança.
Num tempo em que a verdade parece disputar espaço com a conveniência, a presença de Galvão na política é um lembrete de que o conhecimento — quando aliado à integridade — ainda é a força mais transformadora de uma nação.
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