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Cessar-fogo em Gaza marca novo acordo de paz

Israelenses e palestinos comemoram o anúncio do cessar-fogo mediado pelos EUA e apoiado pelo Egito.

Guerra em Gaza
Israel e Palestina celebram cessar-fogo em Gaza.
Foto: REUTERS/DAWOUD ABU ALKAS/PROIBIDA REPRODUÇÃO

Após dias intensos de negociações no resort egípcio de Sharm el-Sheikh, Israel e o Hamas anunciaram nesta quinta-feira (9) um cessar-fogo em Gaza e um acordo para libertação de reféns e prisioneiros. O anúncio foi recebido com comemorações nas ruas tanto de Tel Aviv quanto da Faixa de Gaza, sinalizando um raro momento de esperança em meio a um conflito que se estende há mais de dois anos.

A medida integra a primeira fase da iniciativa de paz proposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que busca encerrar a guerra e estabelecer um novo diálogo político entre as partes envolvidas. Apesar da celebração, ainda não houve confirmação oficial de que o documento tenha sido formalmente assinado.

Cessar-fogo, retirada de tropas e libertação de reféns

De acordo com fontes próximas às negociações, o cessar-fogo prevê a suspensão imediata dos bombardeios israelenses, a retirada parcial das tropas da Faixa de Gaza e a libertação dos reféns israelenses capturados no ataque do Hamas, ocorrido há dois anos.

Em contrapartida, Israel deverá libertar prisioneiros palestinos detidos em suas prisões. Segundo o coordenador de reféns de Israel, Gal Hirsch, a lista dos palestinos que serão libertados ainda está em fase de elaboração.

Uma autoridade israelense afirmou que as tropas começarão a se retirar em até 24 horas após a assinatura. A libertação dos 20 reféns israelenses ainda vivos em Gaza deve ocorrer até domingo (12) ou segunda-feira (13).

O destino de outros 28 reféns permanece incerto: 26 foram declarados mortos, enquanto dois seguem desaparecidos. O Hamas informou que poderá levar algum tempo para localizar e devolver os corpos espalhados pelo território.

Reações e comemorações nas duas regiões

Nas ruas de Gaza, o clima era de alívio e emoção. “Graças a Deus pelo cessar-fogo, o fim do derramamento de sangue e das mortes”, declarou Abdul Majeed Abd Rabbo, morador de Khan Younis, ao descrever o sentimento de parte da população local.

Toda a Faixa de Gaza está feliz, todo o povo árabe está feliz com o cessar-fogo e o fim do derramamento de sangue”, acrescentou.

Em Tel Aviv, familiares dos reféns se reuniram na Praça dos Reféns para celebrar. Einav Zaugauker, mãe de Matan, um dos reféns israelenses, descreveu o momento como “indescritível”.

“Não consigo respirar, não consigo explicar o que estou sentindo... é uma loucura”, disse ela, emocionada, sob fogos de artifício que iluminaram o céu da cidade.

Ataques ainda são relatados em Gaza

Mesmo com o anúncio da trégua, moradores de Gaza relataram novos ataques aéreos durante a madrugada e nas primeiras horas da manhã de quinta-feira. De acordo com relatos locais, três subúrbios da Cidade de Gaza foram atingidos por bombardeios israelenses.

O Ministério da Saúde de Gaza informou que nove palestinos morreram nas últimas 24 horas em decorrência do fogo israelense. Não houve, até o momento, confirmação de novas ofensivas após o anúncio oficial do cessar-fogo.

Negociações mediadas por Trump e Egito

A proposta foi desenvolvida ao longo de três dias de conversações indiretas, iniciadas na segunda-feira (6), com mediação dos Estados Unidos e do Egito. Segundo fontes diplomáticas, o acordo representa o primeiro passo de uma estrutura de 20 pontos apresentada pelo presidente Donald Trump, com foco em estabilidade regional e reconstrução de Gaza.

O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu informou que o cessar-fogo entrará em vigor após ratificação oficial pelo governo israelense. A decisão será submetida ao gabinete de segurança, que deve se reunir ainda nesta quinta-feira.

Embora haja desconfiança sobre a durabilidade do acordo, observadores internacionais classificam a trégua como um marco importante nas negociações de paz entre Israel e Hamas, após anos de hostilidade.

O conflito em Gaza já deixou dezenas de milhares de mortos e mais de 2 milhões de deslocados, segundo dados da ONU. A reconstrução do território e o retorno de civis às suas casas devem depender da efetiva implementação do acordo.

Entre os próximos passos estão:

Monitoramento internacional do cessar-fogo, sob coordenação da ONU e da Liga Árabe;
Troca gradual de prisioneiros e reféns, supervisionada pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha;
Retomada de negociações políticas diretas entre Israel e autoridades palestinas.

O cessar-fogo em Gaza representa um momento de trégua e esperança para civis que sofreram com anos de violência e instabilidade. Embora persistam dúvidas sobre a execução plena do acordo, o anúncio foi recebido como um passo histórico rumo à paz, resultado de uma complexa articulação diplomática internacional.

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