O dólar caiu 0,47% e fechou a R$ 5,31 após conversa entre Lula e Trump, refletindo o otimismo com moedas de países emergentes.
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Moedas de países emergentes ganham força e dólar acumula queda de 14% no ano. Foto: Bruno Domingos / Reuters |
Durante o dia, a moeda norte-americana chegou à mínima de R$ 5,30, por volta das 16h20, após abrir cotada em R$ 5,35. Com o resultado, o dólar acumula desvalorização de 14,08% em 2025, refletindo um contexto de menor aversão ao risco e aumento da entrada de capital estrangeiro em mercados emergentes.
Cenário global favorece moedas emergentes
Segundo analistas do mercado financeiro, o movimento de queda do dólar não foi exclusivo do Brasil. A desvalorização do iene japonês frente ao dólar beneficiou moedas de países em desenvolvimento, que passaram a atrair investidores em busca de rentabilidade superior.
Além disso, a alta no preço do petróleo também contribuiu para o fortalecimento de moedas de países exportadores de commodities, como o Brasil, o México e a África do Sul. Esses fatores combinados explicam o maior apetite global por ativos de risco.
“O fluxo internacional está favorecendo moedas emergentes. Há uma combinação de juros mais altos nesses países e expectativa de estabilidade política”, explicou o economista-chefe de uma gestora paulista, ouvido pela Agência Brasil.
Efeito da conversa entre Lula e Trump
A ligação entre Lula e Trump, confirmada por assessores dos dois governos, teve como pauta principal questões comerciais e de cooperação econômica. Fontes ligadas ao Palácio do Planalto afirmaram que o diálogo foi “cordial” e buscou reaproximar as relações bilaterais após um período de tensões diplomáticas.
Analistas apontam que a conversa entre os presidentes reforçou a percepção de estabilidade política e abertura ao diálogo entre as duas maiores economias do continente, o que ajudou a impulsionar o real no curto prazo.
“O mercado reagiu bem ao gesto político. A simples sinalização de diálogo entre Brasil e Estados Unidos reduz ruídos e incentiva a entrada de capital estrangeiro”, avaliou um analista da XP Investimentos.
Ibovespa cai com realização de lucros
Enquanto o câmbio refletiu otimismo, o mercado de ações teve um dia de ajustes. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 0,41%, aos 143.608 pontos. A baixa foi influenciada pelo movimento de realização de lucros, após o indicador ultrapassar os 146 mil pontos na última semana de setembro.
Entre os papéis mais negociados, Petrobras e Vale tiveram leve recuo, acompanhando a correção global das commodities. Já as ações de bancos registraram estabilidade, enquanto o setor de varejo apresentou alta moderada.
Petrobras (PETR4): -0,28%
Segundo operadores, a queda do Ibovespa foi pontual e não altera a tendência de valorização observada nas últimas semanas, impulsionada pela expectativa de crescimento moderado da economia e queda gradual dos juros.
Europa e Ásia reforçam movimento global
Nos mercados internacionais, o dólar também apresentou recuo frente a moedas emergentes e algumas moedas europeias. O euro comercial fechou o dia vendido a R$ 6,21, com queda de 0,75%, no menor valor desde 3 de abril — quando Trump iniciou anúncios sobre possíveis retaliações comerciais a países com superávit em relação aos Estados Unidos.
Na Ásia, bolsas como Tóquio e Seul registraram ganhos expressivos, impulsionadas por expectativas de estímulos fiscais e políticas monetárias mais brandas. Já nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street tiveram leve recuo, refletindo a espera por novos dados de emprego.
O que esperar para os próximos dias
Especialistas acreditam que a trajetória de queda do dólar pode continuar, caso se mantenha o fluxo positivo de capital estrangeiro e o cenário internacional favorável. No entanto, alertam para a possibilidade de volatilidade em função das incertezas políticas e das próximas decisões do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.
“Há um otimismo pontual, mas ainda é cedo para afirmar que o dólar permanecerá abaixo de R$ 5,30. O mercado segue atento à política monetária dos EUA e às relações comerciais internacionais”, observou um analista da Genial Investimentos.
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