Governo cria Sala de Situação para monitorar intoxicações por metanol, reforçando estoques de antídotos e protocolos médicos em todo o país.
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Governo cria Sala de Situação contra intoxicação por metanol. Foto: Walterson Rosa/MS |
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que a medida reflete uma postura ativa e rápida do governo. “Estamos diante de uma situação anormal e diferente de tudo o que consta na nossa série histórica em relação à intoxicação por metanol no país”, explicou.
Como funciona a Sala de Situação
A Sala de Situação é colegiada e temporária, coordenada pela Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde. O grupo inclui representantes de diferentes secretarias da pasta, além de Anvisa, Fiocruz, Ebserh, Conass, Conasems, CNS e secretarias de Saúde de São Paulo e Pernambuco. Também participam os ministérios da Agricultura e Pecuária e da Justiça e Segurança Pública, responsáveis pelo controle e investigação dos casos.
O espaço permite acompanhamento sistemático dos casos, articulação com centros de toxicologia (CIATox) e laboratórios públicos, além de orientação técnica para estados e municípios sobre vigilância, diagnóstico e tratamento. A Sala permanecerá ativa enquanto persistir o risco sanitário.
“Determinamos a notificação imediata de todas as suspeitas aos sistemas de vigilância para garantir resposta rápida e coordenada. Isso é fundamental para proteger vidas e identificar a origem dos produtos adulterados”, reforçou Padilha.
Aquisição de antídotos
Como parte das medidas emergenciais, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades de fomepizol, antídotos utilizados no tratamento de intoxicação por metanol. Essa ação reforça o estoque estratégico do SUS e garante abastecimento nos hospitais de referência em todo o país.
Os novos insumos se somam às 4,3 mil ampolas já entregues pelo Ebserh aos hospitais universitários federais, distribuídas desde 4 de outubro aos estados da Bahia, Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
Protocolos internacionais
O ministro destacou que o Brasil segue protocolos científicos reconhecidos internacionalmente. “Já tínhamos adquirido 4,3 mil ampolas e agora garantimos mais 12 mil, que serão distribuídas aos centros de toxicologia e hospitais universitários. Isso assegura que nenhum paciente fique sem acesso ao tratamento adequado”, disse Padilha.
O fomepizol, medicamento específico para casos graves, foi obtido em parceria com o Fundo Estratégico da OPAS e um fabricante japonês que mantém estoques nos Estados Unidos. Os antídotos serão distribuídos conforme a demanda apresentada pelos estados.
“Esses tratamentos são reconhecidos pela comunidade médica internacional. A aquisição, feita em tempo recorde, reforça o estoque estratégico e amplia as alternativas de tratamento disponíveis”, afirmou Padilha.
Fortalecimento da capacidade de resposta
A Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) mobilizou três unidades aptas a realizar análises imediatas: o Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (LACEN-DF), o Laboratório Municipal de São Paulo e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).
Além disso, a Anvisa identificou 604 farmácias de manipulação em todo o país aptas a produzir etanol farmacêutico, garantindo cobertura local em todas as capitais.
Orientações à população
O metanol é altamente tóxico e pode causar cegueira, sequelas neurológicas e morte. Entre os sintomas mais comuns estão:
Eles podem surgir entre 12 e 24 horas após o consumo. A recomendação é evitar bebidas sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal, e procurar atendimento médico imediato em caso de suspeita de intoxicação. Profissionais de saúde devem acionar o CIATox regional para orientação e notificação do caso.
A criação da Sala de Situação Nacional e a aquisição emergencial de antídotos refletem uma resposta coordenada e baseada em evidências do governo brasileiro. A medida busca proteger vidas, monitorar casos de intoxicação por metanol e evitar novas ocorrências, alinhando-se a protocolos internacionais e fortalecendo o Sistema Único de Saúde.
O acompanhamento contínuo e a cooperação entre ministérios, secretarias estaduais, laboratórios e instituições internacionais demonstram a importância de uma ação integrada frente a riscos sanitários emergentes.
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