João Campos mantém a dianteira, mas perde ritmo; Raquel Lyra avança sobre indecisos e brancos, mostra série Simplex.
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Governadora Raquel Lyra (PSD) e prefeito João Campos (PSB) em primeiro encontro no Palácio - Foto: Hesíodo Góes/Divulgação |
A série de pesquisas do Instituto Simplex ao longo de 2025 desenha um movimento claro: embora João Campos (PSB) se mantenha na liderança em todos os levantamentos do ano, sua vantagem mostrou queda expressiva entre o primeiro semestre e outubro; ao mesmo tempo, Raquel Lyra (PSD) apresenta recuperação gradual. Esses são sinais importantes para a sucessão estadual — mas exigem leitura cautelosa: metodologia, variação no conjunto de candidatos testados e parcela relevante de brancos/nulos/indecisos tornam o quadro ainda volátil. As fontes citadas ao longo do texto trazem os números oficiais e reportagens sobre cada rodada.
Série histórica Simplex (2025) — resumo dos levantamentos
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04/02/2025 (coleta: 2/fev) — Cenário com 3 nomes (João Campos, Raquel Lyra, Gilson Machado).
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Total: João 54,0% | Raquel 19,3% | Gilson 9,6%.
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Votos válidos: João 65,1% | Raquel 23,3% | Gilson 11,6%.
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Amostra: 800 entrevistados; margem de erro ±4 pontos percentuais; confiança 95%.
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28/04/2025 (coleta: fim de abril) — Rodada CBN/Simplex (cenário com dois nomes em alguns cenários).
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Total (cenário estimulado com os nomes testados em abril): João 56,5% | Raquel 26,0%.
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Votos válidos: João 68,5% | Raquel 31,5%.
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Amostra: 1.067 entrevistados; margem de erro ±3 p.p..
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09/06/2025 (coleta: 8/jun) — Simplex em parceria com Blog do Elielson/CBN.
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Total: João 53,8% | Raquel 21,4% | Gilson 6,4%.
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Votos válidos: João 65,9% | Raquel 26,2% | Gilson 7,8%.
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Margem de erro ±3 p.p.; nível de confiança 95%.
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06/10/2025 (divulgação; coleta: 04/out) — Rodada Simplex (outubro):
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Total (cenário estimulado): João 43,6% | Raquel 29,3% | Eduardo Moura 5,0% | Ivan Moraes 2,3%; brancos/nulos 13,3% | não sabe/não respondeu 6,5%.
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Votos válidos: João 54,4% | Raquel 36,5%.
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Amostra reportada na cobertura: 1.066 entrevistados em (algumas reportagens indicam 134 municípios; outras, 139 municípios); margem de erro ±3 p.p.; confiança 95%. (observação: pequenas variações entre veículos sobre número de municípios).
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Observação metodológica imediata: os cenários comparados nem sempre testaram os mesmos nomes (ex.: fevereiro e junho incluíram Gilson Machado; abril testou cenário com menos nomes; outubro incluiu Eduardo Moura e Ivan Moraes). Essa diferença altera a comparabilidade direta dos percentuais “brutos” e exige cautela ao interpretar trajetórias.
O que a série revela (análise numérica e interpretação)
Tendência principal (queda de Campos; recuperação de Lyra)
Queda entre fevereiro e outubro: ≈ 10,4 pontos percentuais (54,0 → 43,6).
João Campos (total estimulado): passou de 54,0% (fev) → 56,5% (abr) → 53,8% (jun) → 43,6% (out).
Queda entre abril (pico) e outubro: ≈ 12,9 p.p..
Interpretação: a liderança de Campos se manteve estável no primeiro semestre (entre ~53%–57%), mas houve erosão de dois dígitos no segundo semestre, observada em outubro. Raquel, por sua vez, manifesta recuperação consistente desde o meio do ano, consolidando avanço em outubro. Esses movimentos alteram o cenário estratégico: de uma vantagem folgada no começo do ano para um quadro mais competitivo a um ano da eleição.
Votos válidos: o retrato “eleitoral” mais direto
Em votos válidos (excluem-se brancos/nulos/indecisos), o recorte de outubro mostra João 54,4% | Raquel 36,5% — margem que, se confirmada nas urnas, daria vitória de João no 1º turno, mas a margem de erro e a dinâmica de indecisos/brancos deixam espaço para mudança.Importante: votos válidos mudam muito conforme brancos/nulos e indecisos se realocam. Em outubro houve 13,3% brancos/nulos e 6,5% não responderam — parcela numericamente significativa que pode reconfigurar o quadro final.
Fontes possíveis de variação
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Mudança no rol de candidatos testados. A inclusão/remoção de nomes (ex.: Gilson em fev/jun; Eduardo Moura e Ivan Moraes em out) altera onde pousam votos de centro/direita/esquerda e dificulta comparações diretas.
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Tamanho e cobertura da amostra. Em fevereiro a amostra foi menor (800) e margem de erro maior (±4 p.p.); rodadas posteriores trabalharam com ~1.067 entrevistados e margem ±3 p.p. — amostras maiores reduzem erro amostral e podem mostrar tendências com mais estabilidade.
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Movimentos de campanha e “entregas” de gestão. Reportagens apontam que parte do ganho de Raquel está ligado a maior visibilidade de entrega de políticas e mobilizações regionais; analistas também citam ação digital e reagrupamento de apoios. Essas são hipóteses jornalísticas plausíveis (e citadas pela cobertura local), mas exigem verificação adicional por dados de intenção por região e faixa etária.
O que os dados não dizem (limitações)
Não existem garantias de que a tendência persista. Pesquisas a um ano das eleições capturam efeito “momento” — fatos novos (alianças, convenções, escândalos, desempenho econômico ou nacional) podem reverter trajetórias.Comparabilidade parcial entre rodadas: variação de cenários testados e eventuais diferenças na redação das perguntas afetam o sinal.
Implicações políticas e estratégicas (opinião)
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Para a campanha de João Campos (PSB): a prioridade imediata deve ser estancar a erosão: reativar narrativa de governo/gestão (quando aplicável ao cargo municipal), reforçar aliança regional e trabalhar a recomposição do eleitorado que migrou para indecisos ou para Raquel. A presença de nomes alternativos (Novo, PSOL) reduz a margem de “arrasto” automático a seu favor.
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Para a campanha de Raquel Lyra (PSD): a tendência é favorável: há oportunidade para consolidar o avanço convertendo brancos/nulos e indecisos. Estratégia recomendada — focalizar regiões onde o crescimento foi maior, intensificar agenda de “entregas” e explorar transferências de eleitores de terceiros nomes.
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Para eleitores e analistas: leitura por tendências é mais útil do que interpretação pontual. Series de próximas pesquisas e a origem regional/etária das mudanças são decisivas para projetar o resultado final.
A série Simplex (2025) aponta que a corrida em Pernambuco deixou de ser uma liderança confortável e passou a um quadro mais competitivo: João Campos acumula perda de cerca de 10–13 pontos (dependendo do recorte) desde o início do ano, enquanto Raquel Lyra cresceu aproximadamente 10 pontos entre fevereiro e outubro. Porém, diferenças metodológicas, mudanças no leque de nomes testados e a parcela relevante de brancos/nulos/indecisos exigem cautela antes de falar em tendência consolidada. Em termos práticos, outubro exibiu um cenário em que João aparece na frente em votos válidos (54,4%), mas a margem de erro e a volatilidade deixam o pleito em aberto a um ano da votação.
Referências principais (rodadas Simplex citadas)
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Simplex — divulgação/ficha técnica e página de pesquisas (rodadas; exemplo junho). Simplex Consultoria
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Feb/2025 — Jamildo: primeira rodada Simplex (2/fev; 800 entrevistas; João 54%, Raquel 19,3%). Jamildo
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Abr/2025 — CBN/CBN Recife: rodada de 28/04 (João 56,5%; Raquel 26%). PORTAL CBN RECIFE
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Jun/2025 — Jamildo / Blog do Elielson: rodada de 8/jun (João 53,8%; Raquel 21,4%). Jamildo
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Out/2025 — cobertura da divulgação: Simplex/Blog do Elielson/CBN e veículos locais (dados de 4/out: João 43,6%; Raquel 29,3%; votos válidos João 54,4% e Raquel 36,5%; amostra reportada ~1.066). Jamildo
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