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Trump elogia conversa com Lula e prevê boa relação

Trump elogia conversa com Lula sobre economia e comércio. Presidentes discutem sobretaxa e retomam laços entre Brasil e EUA.

Lula e Trump
O presidente Donald Trump e o presidente Lula / Crédito: Montagem/WhiteHouse/PR

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (6) ter tido uma “ótima conversa” com o presidente Luís Inácio Lula da Silva, destacando que “nossos países se darão muito bem juntos”. O diálogo, realizado por videoconferência, durou cerca de 30 minutos e teve como foco principal as relações comerciais e econômicas entre Brasil e Estados Unidos.

A informação foi confirmada por ambos os governos. O Palácio do Planalto descreveu o tom do encontro como amistoso, ressaltando que os dois líderes relembraram a boa relação demonstrada em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

“Discutimos muitos assuntos, mas o foco principal [abrange] a economia e o comércio entre nossos dois países. Teremos novas discussões e nos encontraremos em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”, afirmou Trump em sua rede social.

Foco no comércio e na economia

De acordo com fontes oficiais, o presidente Lula aproveitou o diálogo para solicitar a retirada da sobretaxa de 50% imposta pelo governo norte-americano sobre produtos brasileiros. A medida tem sido considerada um entrave para o setor exportador do país.

Lula destacou ainda que o Brasil é um dos três países do G20 com os quais os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços, reforçando o argumento de que a revisão das tarifas pode beneficiar ambas as economias.

“O contato representa uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”, afirmou o presidente brasileiro, segundo nota divulgada pelo Planalto.

Reaproximação diplomática

O diálogo entre Trump e Lula sinaliza uma tentativa de reaproximação diplomática entre Brasília e Washington após um período de tensões comerciais e políticas. Desde o início de 2025, ambas as chancelarias vêm adotando gestos públicos de cooperação.

A ligação foi iniciada por Trump, que, de acordo com assessores da Casa Branca, busca estreitar laços com países-chave da América Latina. A iniciativa é vista como parte de uma estratégia mais ampla de reposicionamento dos Estados Unidos no cenário global, especialmente diante da crescente influência da China na região.

Segundo o Palácio do Planalto, os dois líderes chegaram a trocar números pessoais de telefone, criando um canal direto de comunicação entre os governos.

Designação de equipes e continuidade das negociações

Para dar continuidade às conversas, Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para conduzir as negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o chanceler Mauro Vieira.

Entre os temas a serem tratados nas próximas semanas estão:

Revisão da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros;
Ampliação do comércio agrícola e industrial;
Cooperação ambiental e energética;
Parcerias tecnológicas em setores estratégicos, como semicondutores e biocombustíveis.

O Ministério das Relações Exteriores informou que novas rodadas de diálogo ocorrerão por meio de videoconferências e encontros presenciais bilaterais.

Possíveis encontros internacionais

Durante a conversa, os presidentes também abordaram a agenda internacional. Lula reiterou o convite para que Trump participe da COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro. O evento é considerado um marco para as discussões ambientais e deverá reunir líderes de mais de 190 países.

Além disso, Lula sugeriu um encontro pessoal durante a Cúpula da Asean, na Malásia, prevista para o primeiro semestre de 2026. Trump respondeu positivamente à proposta, destacando a importância de manter o diálogo “baseado em resultados concretos”.

Fontes diplomáticas brasileiras afirmam que, caso o encontro ocorra, ele poderá marcar um novo capítulo nas relações bilaterais, após anos de divergências sobre temas comerciais e ambientais.

Repercussão internacional

Analistas internacionais avaliam que o gesto de aproximação entre Trump e Lula pode abrir caminho para novos acordos bilaterais, especialmente no campo econômico.

O economista Ricardo Senna, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (FGV Ibre), destaca que o comércio entre Brasil e EUA ultrapassa os US$ 100 bilhões anuais, e qualquer flexibilização tarifária tende a beneficiar setores industriais e agrícolas brasileiros.

“Há um interesse mútuo em ampliar o diálogo. O Brasil busca diversificar parceiros e aumentar exportações, enquanto os Estados Unidos querem garantir fornecedores confiáveis de alimentos e energia limpa”, afirma Senna.

Por outro lado, especialistas alertam que a retirada de sobretaxas depende de aprovação do Congresso norte-americano, o que pode prolongar as negociações.

Histórico recente das relações

As relações entre Brasil e Estados Unidos passaram por momentos de oscilação nos últimos anos. Divergências em pautas ambientais, como a proteção da Amazônia, e disputas comerciais sobre aço e etanol marcaram o período entre 2020 e 2024.

Desde o início do atual mandato, Lula vem defendendo uma política externa baseada no multilateralismo e na busca por equilíbrio entre os grandes blocos econômicos. A aproximação com Trump, segundo diplomatas, não altera essa diretriz, mas reforça a importância de uma relação pragmática com Washington.

A Casa Branca, por sua vez, avalia positivamente a abertura de canais diretos de diálogo e o compromisso do Brasil com acordos de livre comércio mais equilibrados.

Perspectivas

Com a retomada das conversas, Brasil e Estados Unidos sinalizam interesse em superar impasses comerciais e fortalecer parcerias estratégicas. O encontro entre Trump e Lula — ainda sem data confirmada — deve consolidar esse movimento e definir os próximos passos para uma cooperação ampliada.

Enquanto isso, equipes técnicas dos dois países continuarão negociando temas sensíveis, como tarifas, sustentabilidade e inovação tecnológica.

O gesto amistoso entre os presidentes indica que as duas maiores democracias do Ocidente estão dispostas a restaurar relações históricas e buscar ganhos mútuos no cenário global.

A conversa entre Trump e Lula representa um sinal de distensão e reaproximação diplomática entre Brasil e Estados Unidos. Em um contexto de desafios econômicos globais, o diálogo amistoso e a disposição de ambos em negociar podem abrir caminho para novas oportunidades comerciais, ambientais e políticas, fortalecendo a cooperação bilateral de mais de dois séculos.


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