O Ministério da Saúde confirmou 17 casos de intoxicação por metanol e investiga outros 200 em 13 estados. São Paulo concentra 82% das notificações.
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São Paulo concentra mais de 80% das notificações de intoxicação por metanol. Governo amplia ações de resposta. Foto: Robson Valverde |
O Ministério da Saúde divulgou, na noite desta segunda-feira (6), o boletim mais recente sobre os casos de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. O documento registra 217 notificações em todo o país, sendo 17 casos confirmados e 200 ainda em investigação.
São Paulo concentra a maioria das ocorrências
Em relação aos óbitos, duas mortes já foram confirmadas em São Paulo, enquanto 12 permanecem em investigação — distribuídas entre Mato Grosso do Sul (1), Pernambuco (3), São Paulo (6), Paraíba (1) e Ceará (1).
Governo amplia estrutura para exames toxicológicos
Em entrevista coletiva, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou medidas para acelerar a confirmação dos casos de contaminação. O governo firmou parceria com dois laboratórios de referência — um na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e outro na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Segundo o ministro, a Unicamp conta com a estrutura do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), com capacidade para realizar até 190 exames por dia.
“Esses exames podem ajudar a esclarecer dúvidas sobre casos suspeitos, especialmente em São Paulo, onde há uma grande concentração de notificações”, destacou Padilha.
A Fiocruz, por sua vez, disponibilizará um laboratório para auxiliar estados com dificuldade de diagnóstico, oferecendo suporte técnico para detecção de metanol em amostras coletadas pelos serviços de saúde.
Apoio aos estados e orientação aos profissionais de saúde
O Ministério da Saúde orientou que as notificações sejam feitas imediatamente, mesmo antes da confirmação laboratorial. O objetivo é permitir o início rápido do tratamento, reduzindo os riscos de complicações graves.
“Não é necessário esperar a confirmação para iniciar o atendimento clínico. A suspeita já deve acionar o protocolo de tratamento”, reforçou o ministro.
A pasta também está articulando com as secretarias estaduais o envio de amostras para os laboratórios de referência, garantindo maior agilidade na análise dos casos.
Antídotos e estoques emergenciais no SUS
Com o aumento das notificações, o governo anunciou a aquisição de 12 mil ampolas de etanol farmacêutico e 2,5 mil unidades do antídoto fomepizol para reforçar o estoque estratégico do Sistema Único de Saúde (SUS).
O fomepizol, medicamento indicado para o tratamento de intoxicação por metanol, deve chegar aos centros de referência estaduais ainda nesta semana. A compra foi realizada em parceria com o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e com um fabricante japonês que mantém estoques nos Estados Unidos.
Segundo o ministério, os dois antídotos — etanol e fomepizol — podem ser utilizados logo na suspeita de intoxicação, mas o uso deve ser feito exclusivamente sob prescrição e monitoramento médico.
Resumo das medidas anunciadas pelo Ministério da Saúde
Parceria com Unicamp (Ciatox) e Fiocruz para realização de exames;
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Capacidade ampliada para até 190 testes por dia;
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Apoio técnico aos estados para análise de amostras;
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Aquisição de antídotos (etanol farmacêutico e fomepizol);
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Orientação imediata aos profissionais de saúde para notificação e início do tratamento;
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Monitoramento nacional com atualização contínua dos boletins epidemiológicos.
Contexto e riscos do metanol
O metanol é um tipo de álcool altamente tóxico, usado em solventes, combustíveis e produtos industriais. Quando ingerido, mesmo em pequenas quantidades, pode causar cegueira, falência de órgãos e morte. Casos de contaminação costumam estar relacionados à fabricação ou venda clandestina de bebidas alcoólicas adulteradas.
A ingestão acidental ou intencional exige tratamento médico urgente. Entre os sintomas mais comuns estão náuseas, vômitos, tontura, visão turva, confusão mental e dificuldade respiratória.
Ações preventivas e fiscalização
O governo federal também recomenda que a população compre bebidas apenas de fontes confiáveis, verificando rótulos, lacres e selos de autenticidade.
O Ministério da Saúde mantém o monitoramento diário dos casos de intoxicação por metanol e reforça que qualquer suspeita deve ser comunicada imediatamente aos serviços de saúde. Com o apoio da Unicamp, Fiocruz e o fortalecimento dos estoques do SUS, o governo busca agilizar diagnósticos, ampliar o tratamento e evitar novas vítimas.
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