Glauber Braga retirado da Câmara após ocupar a Mesa Diretora. Polícia Legislativa agiu, TV Câmara saiu do ar e cassação pode ser analisada.
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| Confusão na Câmara termina com retirada de Glauber Braga. Foto: Reprodução / Instagram |
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados no fim da tarde desta terça-feira (9), por agentes da Polícia Legislativa. O episódio ocorreu após o parlamentar ocupar o espaço e se recusar a deixá-lo, mesmo após solicitações oficiais.
A ação gerou forte reação entre parlamentares presentes no plenário. Diante da recusa de Glauber em sair, a Polícia Legislativa iniciou o esvaziamento do local, enquanto a transmissão ao vivo da TV Câmara foi interrompida. Além disso, profissionais da imprensa foram retirados do ambiente, sendo impedidos de acompanhar o desdobramento da situação.
Contexto político e anúncio de possível cassação
O episódio ocorreu no mesmo dia em que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que os deputados deverão analisar a abertura de um processo que pode levar à cassação do mandato de Glauber Braga. A acusação envolve uma suposta agressão a um manifestante dentro das dependências da Câmara.
Segundo relatos de parlamentares, a declaração do presidente da Casa intensificou o clima de tensão no Congresso. Glauber teria decidido ocupar a Mesa Diretora como forma de protesto contra a possível abertura do processo, alegando perseguição política.
Por outro lado, integrantes da Mesa afirmam que a atitude do parlamentar comprometeu o funcionamento institucional da sessão, exigindo uma intervenção para garantir a ordem.
Ação da Polícia Legislativa e retirada do plenário
Com a recusa do parlamentar em deixar a Mesa, a Polícia Legislativa foi acionada e iniciou a retirada das pessoas do plenário. Imagens divulgadas posteriormente pela TV Globo mostram agentes dialogando com o deputado antes de sua retirada física do local.
Deputados relataram que houve um momento de grande apreensão, com interrupção dos trabalhos e circulação restrita nos corredores. O clima foi descrito por parlamentares como “tenso” e “instável”.
A interrupção do sinal da TV Câmara também gerou questionamentos sobre transparência e direito à informação, uma vez que a transmissão pública é um dos principais instrumentos de acompanhamento da atividade legislativa pela população.
Acusação e tramitação no Conselho de Ética
A possível cassação do mandato de Glauber Braga deverá ser encaminhada ao Conselho de Ética da Câmara. O órgão é responsável por analisar denúncias contra parlamentares e decidir sobre eventuais punições, que podem variar de advertência até a perda do mandato.
Até o momento, não há data definida para a abertura formal do processo. Aliados de Glauber afirmam que a acusação de agressão ainda precisa ser apurada de forma rigorosa, com garantia de amplo direito de defesa.
Já parlamentares de oposição ao deputado defendem que o caso seja tratado com celeridade, argumentando que episódios de violência dentro da Casa comprometem a imagem do Legislativo.
Repercussões entre parlamentares
A retirada de Glauber Braga da Câmara provocou reações divergentes. Parlamentares da bancada do PSOL e de partidos de esquerda consideraram a ação da Polícia Legislativa excessiva e classificaram o episódio como um atentado à liberdade de expressão parlamentar.
Por outro lado, deputados de centro e de partidos da base defenderam a intervenção como necessária para preservar a ordem e a institucionalidade da Casa. Para esses parlamentares, a ocupação da Mesa sem autorização representa uma quebra do regimento interno.
Especialistas em direito constitucional ouvidos por veículos nacionais avaliam que o episódio deverá ser amplamente debatido no campo jurídico e político, especialmente diante da possibilidade de abertura de processo disciplinar.
Imprensa retirada e questionamentos sobre transparência
Um dos pontos que mais gerou críticas foi a retirada da imprensa do plenário durante a ação da Polícia Legislativa. Profissionais relataram que foram orientados a deixar o espaço sem explicações detalhadas, o que impediu o acompanhamento jornalístico no momento mais sensível da ocorrência.
Entidades ligadas à liberdade de imprensa defendem que, mesmo diante de situações de tensão, a transparência é fundamental para garantir o direito à informação da sociedade.
A interrupção da transmissão da TV Câmara também entrou no centro do debate, ampliando a repercussão negativa do episódio nas redes sociais.
Clima político e possíveis desdobramentos
O caso ocorre em um momento de forte tensão política no Congresso Nacional, marcado por embates entre governo, oposição e setores ideológicos mais radicalizados. O episódio envolvendo Glauber Braga adiciona um novo elemento ao cenário de instabilidade institucional.
Nos próximos dias, a Câmara deverá se debruçar sobre os encaminhamentos formais da acusação. O Conselho de Ética poderá decidir pela abertura de processo, arquivamento ou aplicação de sanções preliminares, caso entenda que há elementos suficientes.
Enquanto isso, o parlamentar segue no exercício do mandato, uma vez que nenhuma penalidade foi aplicada até o momento.
A retirada de Glauber Braga da Câmara por agentes da Polícia Legislativa, somada ao anúncio de possível abertura de processo de cassação, expôs uma crise institucional marcada por tensão, divergências políticas e questionamentos sobre transparência.
O episódio também reacende o debate sobre os limites da atuação parlamentar, o uso da força dentro do Legislativo e o equilíbrio entre ordem institucional e liberdade política. Os próximos passos do Conselho de Ética serão decisivos para o desfecho do caso e para os reflexos políticos dentro e fora do Congresso Nacional.

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